Música Portuguesa – Paula Musique https://paulamusique.com Um som diferente para sua vida Tue, 17 Aug 2021 22:05:23 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.7.14 Músicas Portuguesas Favoritas: viaje comigo! https://paulamusique.com/musicas-portuguesas-favoritas/ https://paulamusique.com/musicas-portuguesas-favoritas/#comments Sun, 11 Jul 2021 16:00:54 +0000 https://paulamusique.com/?p=9367 Quanto você conhece da cultura musical de Portugal? Eu conhecia praticamente nada; apenas sabia da importância do fado, mas não sabia nem sequer o nome de fadistas portugueses. Foi em minha viagem a Portugal que tudo mudou… E agora tenho minhas músicas portuguesas favoritas. – por Paula Musique – Um post diferente Anos atrás fiz uma viagem à Portugal que me deixou APAIXONADA pelo país, com suas tradições, gastronomia, belezas naturais e diferentes sotaques...

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Quanto você conhece da cultura musical de Portugal? Eu conhecia praticamente nada; apenas sabia da importância do fado, mas não sabia nem sequer o nome de fadistas portugueses. Foi em minha viagem a Portugal que tudo mudou… E agora tenho minhas músicas portuguesas favoritas.

– por Paula Musique –

Um post diferente

Anos atrás fiz uma viagem à Portugal que me deixou APAIXONADA pelo país, com suas tradições, gastronomia, belezas naturais e diferentes sotaques (açoriano, alentejano, alto-minhoto) – sendo o da região do Porto e de Braga o mais gostoso de ouvir.

Neste artigo, irei intercalar algumas de minhas experiências em Portugal com os vídeos das minhas músicas portuguesas favoritas. Assim você viaja comigo, enquanto se deleita com a sonoridade de cada palavra cantada.

Minhas músicas portuguesas favoritas

Conheça a lista destes sons encantadores vindos do Velho Continente, da querida Portugal:

1. Miguel Araújo – Os Maridos das Outras

A letra irônica desta canção é genial e a batida é uma delícia de escutar. Por favor, ouça e entenda a mensagem por trás da letra. ;)

Quando viajo, gosto de mergulhar na cultura, sou fã do slow travel, fico semanas num mesmo país, vários dias numa mesma cidade – não dou a mínima para frases de tipo: “viajei para 30, 50, 100 países”.

Você sabia que há pessoas que dizem para você que conhecem todos os países da Europa Ocidental, mas que, em verdade, fizeram um tour de trem em que passaram um dia ou dois em cada país? “Not my type of adventure, honey”.

Gosto de viajar para poucos países e ficar o máximo de tempo possível degustando a cultura. Isso sem contar as vezes que volto aos mesmos destinos de férias: 3x para a França, 3x para a Itália, etc… E Portugal é um dos países para o qual desejo voltar. E queria fazer uma viagem diferente: levando minha mãe e convidando uma ou duas primas dela para irem junto.

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2. Fernando Daniel e Agir – Sem ti

Música viciante. Devo ter escutado umas 20x! :D Que batida gostosa de ouvir. Gosto das vozes, da letra, da forma com os cantores incrementam a melodia… Deveria ser um hit aqui no Brasil. Vale a pena conhecer outras canções do artista

Eu fui sozinha a Portugal e uma de minhas vantagens favoritas de se viajar solo é a liberdade para conversar com todo mundo. Como eu adoro falar com desconhecidos, acho que de alguma forma as pessoas sentem isso e vêm falar comigo.

E não foi diferente na terrinha: conversei com portugueses e portuguesas de todos os cantos, de diferentes profissões, desde o garçom e o motoristas do bondinho até donos de restaurantes e outros empresários. Em Lisboa, peguei o eléctrico 28 que faz um passeio belíssimo por bairros famosos e como era o último trajeto do dia, após todos os passageiros saírem, o motorista tirou muitas fotos minhas no bonde, explicou-me o mecanismo do eléctrico e várias curiosidades. Amei!

3. António Zambujo – Pica Do 7

O “Pica do 7” é o revisor do eléctrico (funcionário do bonde) da linha n.º 7 de Lisboa. Adoro a letra e o arranjo instrumental. Para entender mais sobre esta música, leia o artigo que escrevi inteiramente falando sobre Antônio Zambujo.

Os portugueses foram muito gentis comigo (com exceção de algumas pessoas mais velhas no serviço público que não pareciam ter muita paciência. hehe). Ganhei muitos descontos em lojinhas turísticas, agradinhos nos restaurantes e me deixaram entrar em dois museus mesmo quando já tinha passado da hora permitida à entrada – ufa! -, algo que nunca aconteceria nos EUA, pois eles têm aquele jeito quase-que-irritante de “essas são as regras”, mesmo quando quebrá-las não prejudicará NINGUÉM.

4. Raquel Tavares – Meu amor de longe

Tão bom ouvir canções assim, bem diferentes das canções pornográficas do Brasil – que acabam virando hits. :S

Cheguei em Portugal pela cidade de Porto e do aeroporto peguei logo um ônibus especial que vai direto à cidade de Braga e fica um pouco mais ao norte, uma viagem de menos de uma hora. A viagem já começou bem, pois sentei na primeira poltrona, juntamente com minha mala gigante, uma mala menor (carry on) e minha bolsa, e o motorista conversou comigo e deu dicas durante o percurso inteiro.

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Minhas músicas portuguesas favoritas

Para ouvir minhas músicas portuguesas favoritas no Spotify, clique abaixo e me siga por lá também. Mas espere, a lista de canções e a história continua abaixo…

5. Ana Moura – Dia de folga

Ana Moura: minha cantora portuguesa favorita até o momento. Conheci o trabalho delas anos atrás e fiquei encantada com esta simpática e talentosa fadista. Recomendo que conheçam seu repertório. Pretendo fazer um post especialmente sobre ela, então aqui, deixo apenas uma canção para você. ;)

Quando cheguei ao terminal, peguei um táxi para me levar até o hotel (num edifício do século XIX), só que eu não sabia que ficava num calçadão e o táxi não poderia parar na frente. Ainda bem que ele estacionou o carro e se ofereceu para me ajudar com as malas :S

Obs.: Meu arrependimento nesta viagem foi o tanto de malas que levei. Se você já foi a Portugal, sabe que muitas cidades são repletas de ladeiras. Imagine-me de salto (só alguns dias, pois ficou complicado lá! haha), puxando morro acima e morro abaixo uma mala grande com a mão direita, uma mala pequena na mão esquerda e uma bolsa pesada em um dos ombros! Quando lembro, só penso que as pessoas olhavam para mim com muita pena :D e em todo o lugar homens cavalheiros surgiam de vários cantos para me ajudar. Foi ótimo pela companhia dos cavalheiros de um ponto ao outro, mas foi ruim pelo incômodo. Quem nunca? :S Tá bom, tá bom… Eu sei que a maioria das pessoas é sensata e só leva uma mochila… Mas de lá para cá, eu até que melhorei um pouco…

6. Madredeus – Alfama

Madredeus é um dos grupos musicais portugueses de maior projeção mundial. A sua música combina influências da música popular portuguesa e do fado, com a música erudita e com a música popular contemporânea.

Foto: Reprodução (Bairro Alfama, em Lisboa)

Aqui, mais um clipe gravado em um eléctrico. Alfama é um bairro lindíssimo de Lisboa com ruas íngremes repletas de cafés e lojinhas. Eu gostei demais de passear a pé e de eléctrico por Alfama.

O recepcionista do hotel era um amor e fiquei bem acomodada. Tomei um bainho, arrumei-me e já fui passear. Sim, comigo não tem este papo dramático de jetlag. Meu hotel ficava muito próximo à Catedral da Sé e assim comecei meu turismo; ah, mas antes entrei numa lojinha de cosméticos naturais que ficava no caminho.

Comecei a conversar com a gerente da loja, uma jovem portuguesa muito simpática e ao fim de nosso papo ela disse: “divirta-se, beijinhos”. Quando ela disse “beijinhos”, eu achei a coisa mais fofa do mundo! Ou seja, as primeiras horas em um país são muito importantes para definirem sua impressão geral sobre aquele povo e lugar – os portugueses começaram muito bem.

7. Mariza – A nossa voz

Que música! Está canção foi lançada na época do lockdown. Arte ao som da guitarra portuguesa.

Gente, fico até com vergonha da música brasileira que recebe destaque por aqui. Portugal, com o mesmo idioma, nossa língua materna, tem enriquecido e enaltecido tanto os talentos que possuem… enquanto nós, aqui… bom, nem vou falar!

Tenho outras canções portuguesas favoritas, mas vou deixar para outro post. E assim, deixo para contar minhas aventuras no Porto, Braga, Guimarães, Aveiro, Coimbra, Lisboa, Sinta e etc. numa próxima oportunidade.

Minha mensagem principal com este artigo: escutem músicas portuguesas e visitem Portugal! ;)

E aí? Qual música você mais gostou?
Você já conhece Portugal?
Há algo que você gosta ou conhece da cultura portuguesa?

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“Pica do 7” de António Zambujo (Portugal) https://paulamusique.com/antonio-zambujo-portugal-mpb-e-fado/ https://paulamusique.com/antonio-zambujo-portugal-mpb-e-fado/#comments Sun, 06 Jun 2021 05:26:51 +0000 https://paulamusique.com/?p=9487 Minha indicação musical de hoje é: António Zambujo, de Portugal – referência no Fado e na MPB. – por Paula Musique –  Músicas da Lusofonia Eu escuto muita música estrangeira – bem mais do que escuto música brasileira. Porém, levei tempo para me interessar pela música de outros países lusófonos. Nem sei o porquê. Talvez, porque somos bombardeados nas rádios, no cinema e na internet por músicas em língua inglesa. Quando pesquiso artistas cantantes...

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Minha indicação musical de hoje é: António Zambujo, de Portugal – referência no Fado e na MPB.

Foto: www.antoniozambujo.com (Zambujo no La Cigale, em Paris, em 2015)

– por Paula Musique – 

Músicas da Lusofonia

Eu escuto muita música estrangeira – bem mais do que escuto música brasileira.

Porém, levei tempo para me interessar pela música de outros países lusófonos. Nem sei o porquê. Talvez, porque somos bombardeados nas rádios, no cinema e na internet por músicas em língua inglesa.

Quando pesquiso artistas cantantes de outros idiomas, com exceção do inglês, acabo sempre ouvindo músicas em francês, espanhol ou hebraico, em sua maioria.

Como pode isso? Nós, brasileiros, pouco conhecemos artistas que cantam em português fora de nosso país? Ainda bem que, anos atrás, inspirada por minha viagem à Portugal, “caiu a ficha” de que pouco eu conhecia das canções da lusofonia.

Por isso, quero encorajá-los a viajar para um outro país e conhecer a arte de nossos “irmãos linguísticos”.

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“Pica do 7”

A primeira canção de Zambujo que escutei foi “Pica do 7”. O “Pica do 7” é o revisor do eléctrico (funcionário do bonde) da linha n.º 7 de Lisboa. Adoro a letra, o timbre do artista e o arranjo instrumental.

Assista e preste atenção em todos os sons desta canção portuguesa:

Para esclarecer o significado da letra e não deixar a mente brasileira confusa, coloco abaixo a explicação de D. Grazina, retirada dos comentários do vídeo:

Esta música está cheia de duplos sentidos e de gíria portuguesa (e de Lisboa) associada aos transportes. Principalmente para quem fala o português do Brasil, aqui vão alguns apontamentos. O “Pica do 7” é o Revisor do eléctrico (bonde) da linha n.º 7 de Lisboa.

Antigamente, esse Revisor (o Pica) andava com um alicate a perfurar (ou picar – daí o nome Pica) a senha (tíquete, bilhete, título de transporte) para que não fosse reutilizado. Chamava-se a esta acção: obliterar o título de transporte – sendo que “obliterar” também pode significar: reduzir a nada, anular, desfazer, fazer desaparecer. Esta acção é o último som do vídeo.

A história fala de uma moça que vai para a paragem (o ponto) de eléctrico e faz a viagem na esperança de se cruzar com este tal revisor. Ela realmente não precisa de apanhar (tomar) o transporte, só o faz para poder encontrar-se com o Pica e isso deixa-a cheia de entusiasmo e vontade – na gíria de Portugal isso dá-lhe (ou fica com) “pica” – por exemplo: “estou com pica para viajar”; “estou cheio de pica para ir ter contigo”; “esta música dá-me pica”, ou, como diz a canção, “mais nada me dá a pica que o Pica do 7 me dá”).

Destaco ainda 2 expressões poéticas ligadas aos transportes:

– A expressão “na carreira desta vida vã” já é uma referência ao percurso, trajecto, itinerário da vida. Mas o uso da palavra “carreira” é genial, uma vez que em Portugal, a expressão “carreira” pode ainda referir-se ao veículo em si – a expressão “vou apanhar o eléctrico n.º 7” pode ser dita “vou apanhar a carreira n.º 7”.

– Finalmente, quando a personagem se imagina a perguntar ao Pica se tem o coração livre (“se tem livre passe” outra alusão ao mundo dos transportes) ela prevê que, da resposta que ele lhe possa dar, resulte em que ela “lhe oblitere o peito também” ou seja, assim como ele oblitera tíquetes, também ela lhe desfaça o coração.

Nota: “Carris” é uma empresa de transporte público de passageiros da cidade de Lisboa, nomeadamente dos eléctricos.

Muito obrigada, D. Grazina. Graças a você a letra fez mais sentido. Ótima explicação!

Foto: www.antoniozambujo.com (Zambujo com Ana Moura – minha fadista favorita)

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António Zambujo

Nascido em Beja, no dia 19 de Setembro de 1975, António Zambujo é um dos maiores artistas, autores e intérpretes contemporâneos da música portuguesa e um dos principais embaixadores da música em português no mundo.

Passou a infância no Alentejo e cresceu com forte ligação à música – começou por estudar clarinete com 8 anos, mas foi a tradição viva do Cante Alentejano e do Fado que o fizeram músico. Mudou-se para Lisboa, onde dividiu seu tempo com o Fado e a participação em musicais. Aos 16 anos, participou de um concurso de fado e saiu vencedor.

Tem trilhado uma carreira marcada por prêmios e distinções, com destaque para a comenda da Ordem do Infante D. Henrique, que lhe foi entregue pelo Presidente da República, em 2015. Sua canção “Sem Palavras” foi indicada ao Grammy Latino de Melhor Canção em Língua Portuguesa.

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Influência brasileira

António Zambujo incorporou as influências do cancioneiro brasileiro, em particular da Bossa Nova, na sua música, dando a ele um estilo único com a fusão de tradições musicais dos dois países, derrubando fronteiras, reais ou imaginárias e aproximando os dois lados do Atlântico. Com o seu álbum “Até Pensei Que Fosse Minha”, Zambujo foi nomeado para o Grammy Latino, em 2017, na categoria de Melhor Disco de MPB, curiosamente e de maneira compreensível.

Os portugueses conhecem bastante nossa cultura: músicas, novelas, filmes, gastronomia, atrações turísticas; mas, pouco conhecemos deles – injustamente. Portugal tem muito a oferecer em muitos sentidos. Eu penso que todo brasileiro que planeja uma viagem à Europa deveria incluir Portugal – é aquele destino que faz você entender mais quem você é – ou planejar uma viagem para curtir o país de norte a sul.

Para conhecer mais o artista, você pode consultar o site dele aqui – de onde foram retiradas várias informações sobre o artista.

Outros trabalhos do artista português

Ouça estas e outras canções de António Zambujo. É impressionante o controle vocal dele, todas as nuances que ele expressa em algumas linhas melódicas e os arranjos instrumentais. Ah, e o sotaque, claro! Sou fã do sotaque de Portugal.

Esta sequência começa com uma canção em espanhol, em parceria com a cantora chilena Mon Laferte, pois achei o ritmo bem fora dos padrões que ouvimos em destaque no Brasil. É importante mencionar que Zambujo já foi um fadista tradicional, mas há um tempo vem transitando muito bem por outros gêneros musicais.

Ah, como eu amo o som da orquestra. Perceba como ela traz ainda mais requinte às melodias já sofisticadas de Zambujo:

Uma das músicas dele com fortes influências brasileiras:

Nesta música, ouve-se claramente o vibrato “à moda do fado”, além das notas agudas belamente executadas em pianissimo.

A letra desta canção conta uma história com um fim inesperado.

Você já conhecia António Zambujo? Gostou das canções dele?

Ele esteve no Brasil algumas vezes, já foi entrevistado em programas brasileiros de TV, além de ter gravado com alguns artistas nacionais.
Conheça cantores portugueses e surpreenda-se.

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A Modinha no Brasil: conheça a origem da música brasileira https://paulamusique.com/modinha-no-brasil-conheca-a-origem-da-musica-brasileira/ https://paulamusique.com/modinha-no-brasil-conheca-a-origem-da-musica-brasileira/#comments Wed, 29 Apr 2020 21:21:38 +0000 https://paulamusique.com/?p=8450 Apresento-lhe este gênero musical tão pouco conhecido pelo povo de nosso Brasil: a modinha brasileira. – por Paula Musique – Quem acompanha o blogue já sabe que um dos objetivos aqui é a difusão do Movimento Música Nobre, sendo que “música nobre” não se refere à música dos nobres da realeza; mas sim, significa música que respeita e música que é respeitada. Música nobre é aquela que faz o bem e que não encoraja...

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Apresento-lhe este gênero musical tão pouco conhecido pelo povo de nosso Brasil: a modinha brasileira.

Imagem: Reprodução

– por Paula Musique –

Quem acompanha o blogue já sabe que um dos objetivos aqui é a difusão do Movimento Música Nobre, sendo que “música nobre” não se refere à música dos nobres da realeza; mas sim, significa música que respeita e música que é respeitada. Música nobre é aquela que faz o bem e que não encoraja a objetificação das mulheres (e nem dos homens!) e tampouco a sensualização das crianças.

Em nosso contexto atual e histórico, temos muitos compositores e músicos nobres que merecem destaque. E há um gênero musical que foi muito popular séculos atrás e está quase que esquecido. No meio acadêmico-musical ele permanece vivo, mas caso você não seja do meio, quero presentear você com minha indicação musical de hoje: a MODINHA BRASILEIRA.

“A semente da música brasileira foi plantada com a mistura musical que envolvia
a música erudita e popular, de portugueses e brasileiros, brancos e negros, nobres e escravos, elite e povo
– todos em uníssono cantando e tocando o lundu e a modinha brasileira” 
– Paula Musique

Sugiro que você clique na canção a seguir e escute enquanto lê este artigo:

PORTUGAL E O FADO

[Dica: leia este parágrafo com sotaque português – fica muito mais charmoso]
Modinha brasileira é diferente do fado português, mas sabe o que me vem à mente? Quando fui à Portugal – e não vejo a hora de retornar -, fui a um belo lugar em Coimbra tomar café no fim de tarde, pois havia recebido um panfleto a comunicar que haveria fado ao vivo lá. O que dizer? Amei ouvir aquele senhor cantar, a usar uma toga preta e acompanhado por violões. Foi uma experiência diferente tomar café com vontade de chorar, de tãaaao triste que eram aqueles fados. Dias depois, em Lisboa, em algum bairro muito lindo e popular que esqueci o nome, fui jantar arroz de tamboril (prato tradicional português maravilhoso!) num restaurante cuja trilha sonora também era o fado. Achei muito fixe!
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RECOMENDAÇÕES DE UTILIZAÇÃO

Fico imaginando como seria envolvente se existisse uma casa de chá por aqui com apresentações semanais ao vivo de modinha brasileira. Já me imaginei com minhas amigas, falando de romance ao som de palavras de amor (risos).

Não é o tipo de música que cantamos na rodinha de amigos ou que colocamos na playlist da festa de aniversário. Porém, quero encorajar você que está cursando Música na universidade, para preparar uma modinha para tocar ou cantar no final do semestre. E você que está fazendo planos para seu casamento, pode incluir alguma modinha no repertório da cerimônia ou da festa – dará um toque de glamour.

Você pode estar pensando: “bem que esta que nos escreve poderia ir direto ao ponto e falar logo o que é modinha, de onde vem e citar mais exemplos para escutarmos” (risos). Honey, não posso. Sabe por quê? Porque não seria Blogue Paula Musique. Para quem não gosta, basta ir à Wikipedia que obterá respostas rápidas e sucintas. ;)

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O QUE É A MODINHA BRASILEIRA

É um gênero musical de canções líricas, sentimentais, que praticamente sempre falam de romance e que, às vezes, são declarações diretas de amor.

“Modinha é a mais rica das formas pela qual se manifesta a inspiração poética do nosso povo” – José Veríssimo

COMO SURGIU A MODINHA BRASILEIRA

Este gênero está nas raízes da música popular tanto do Brasil quanto de Portugal. Segundo Monteiro (2018), vem da moda portuguesa, que migrou dos meios rurais para os grandes centros urbanos e colônias do Império Português – que inclui o Brasil -, entre os séculos XVII e XVIII.

A palavra moda ganhou o diminutivo modinha para identificar este gênero que sofreu adaptações da cultura brasileira, caiu no gosto do povo e ficou sendo chamada de “modinha brasileira”.

Ou seja, a moda portuguesa encontra no Brasil um lugar para se desenvolver. Pouco a pouco, mistura-se com o lundu, música praticada pelos negros da colônia, originando a partir daí a modinha brasileira, que passou a ser um gênero próprio – distinto da moda que veio de Portugal. Entretanto, quando foi levada a Portugal, encantou a corte e a sociedade portuguesa da época.

Existe um consenso entre a maioria dos estudiosos explicando que foi o poeta e músico mulato brasileiro Domingos Caldas Barbosa (filho de um português com uma mulher angolana escravizada) o responsável pela introdução da modinha brasileira em Portugal, pois, após passar sua juventude em contato com modinhas e lundus no Rio de Janeiro, vai a Lisboa e lá difunde estes gêneros, passando a ser cultivados nos salões por compositores eruditos.

Confissão: tenho uma queda por músicas de caráter lírico, que, para mim, vai do fado à modinha, dos musicais clássicos até a ópera. Um deleite para os ouvidos!

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CARACTERÍSTICAS DA MODINHA BRASILEIRA

A biografia da modinha é cheia de contradições, mas suas características revelam-se, ao longo do tempo, bastante amplas.

A modinha não têm uma estrutura rígida. Pode ou não ter introdução ou coda. Pode ter duas ou três estrofes, por exemplo. Há predominância de tonalidades menores e de andamentos moderados. O canto é, normalmente, acompanhado por violão, flauta, cravo e/ou piano. A formação instrumental para a qual foi escrita também variou conforme a história.

Em decorrência das diversas influências, encontra-se, na análise de partituras e relatos, grande variedade de formas (em duas estrofes A-B; em duas estrofes e refrão A-A-B; em estrofe e refrão A-B; em duas estrofes e “stretto”, que faz às vezes refrão A-A-D), compassos inicialmente binários que, notando a influência das danças ternárias que surgiram, principalmente, a partir da chegada em 1808 da Corte Portuguesa ao Brasil – citamos a valsa, scottish, polcas, dentre outras – adotou o compasso ternário.

O prestígio da moda era tal que até virou trocadilho: “está na moda, no reinado de D. Maria I, cantar a moda”.

A moda a duo ou solo era executada por solistas de escola e por mestres de contraponto. Os compositores das modas portuguesas, ou eram músicos que compunham ópera, como Marcos Portugal; ou compositores sacros de renome como Pe. José Mauricio. Inicialmente, “modas requeriam o cravo e a voz empostada” (ARAÚJO, 1963, p. 30). Tendo, quando popularizada, admitido o violão e cantada por seresteiros e românticos.

A modinha é tida, juntamente com o lundu, como das principais raízes da música popular brasileira. É através do lundu que a cultura africana nos dá a síncope: o seu maior legado à música brasileira e que dará origem ao samba mais tarde (Andrade, 1972). Ambos os gêneros – modinha e lundu – passaram por uma socialização, uma reciclagem, uma adaptação à outras esferas sociais; eram música de salão e também música das ruas – era a criatividade e musicalidade da elite e do povo misturadas e formando as raízes da música do Brasil.

Marcondes (1998) explica que:

“Só nos fins do Império e começos da República, a modinha, já inteiramente aculturada, reflete a sensibilidade e o gosto do povo brasileiro. A modinha se populariza. Deixa o recinto fechado dos salões e se expande nas ruas, ao relento, nas noites enluaradas, envolta nos acordes do instrumento que, no Brasil, se tornou o seu companheiro inseparável – o violão. É a fase em que pontificam Laurindo Rabelo, Xisto Bahia, Melo Morais Filho, Catulo da Paixão Cearense”.

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PRINCIPAIS LETRISTAS E COMPOSITORES

Dentre os principais compositores torna-se indispensável citar, novamente, Caldas Barbosa (1740-1800), tido por muitos como o “pai da modinha”.

Domingos Caldas Barbosa
Imagem: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil

São apontados, ao longo da história, os nomes de Gregório de Matos (1633-1696), Antônio José da Silva – o Judeu (1705-1739) e Tomás Antônio Gonzaga (1744-?1808) como precursores da modinha.

Cabe mencionar também Joaquim Manuel, outro mestiço brasileiro que teve a honra de ser editado em Paris, em 1824, num álbum de vinte modinhas harmonizadas por Sigismund Neukomm, o discípulo preferido de [pasmem!] Joseph Haydn (1732-1809) que morou no Rio de Janeiro de 1816 a 1821 [Haydn não morou no Brasil, foi o Neukomm].

Durante o primeiro reinado cita-se: Cândido Inácio da Silva, Gabriel Fernandes da Trindade, Padre José Maurício Nunes Garcia, Padre Teles, Leal e outros. Durante o segundo reinado: Gonçalves Dias, Castro Alves, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Fagundes Varela – estes tiveram a letra de seus poemas musicados.

// … era a criatividade e musicalidade da elite e do povo misturadas e formando as raízes da música do Brasil.

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A MODINHA BRASILEIRA NOS DIAS DE HOJE

O grau de influência da modinha na MPB de hoje está no lirismo das letras e na harmonia das melodias.

Mário de Andrade (1972) observou que:

“À medida que esta (a modinha) desaparece ou vive mais desaparecida dos seresteiros, vai sendo, porém, substituída pelo samba-canção, que é realmente uma modinha nova, de caráter novo, mas canção lírica solista, apenas com uma rítmica fixa de samba, em que, porém, a agógica não é mais realmente coreográfica, mas de canção lírica. Ora, isso é uma evolução lógica, por assim dizer, fatal. A modinha de salão, passada pra boca do povo, adotou mesmo ritmos coreográficos, o da valsa e o do xote principalmente. Ora, estes eram sempre ritmos importados, não de criação imediata nacional. O samba-canção é a nacionalização definitiva da modinha”.

Inúmeros gêneros musicais brasileiros da atualidade estão enraizados neste passado bem distante.

Araújo (1963) opina assim: “dizem que a modinha morreu. Ela não morrerá, porque já não é mais uma canção, mas um estado de alma. Ela está na própria essência emotiva da nacionalidade”.

. . . . .

A que ponto chegamos. Vemos aqui a história da mistura musical que envolvia a música erudita e popular, de portugueses e brasileiros, brancos e negros, nobres e escravos, elite e povo em uníssono plantando a semente da música do Brasil.

Orgulho-me do plantio. A colheita de anos passados também me orgulha, na maior parte do tempo. Porém, parece-me que em meio à safra dos anos mais recentes há alguns frutos podres. Estaria, eu, sendo radical?

. . . . .


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PLAYLIST DA MODINHA BRASILEIRA

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BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, Mário de. Ensaio sobre a música brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 1972.
ARAÚJO, Mozart. As Modinhas e o Lundu no século XVIII. São Paulo: Ed. Ricordi, 1963.
KIEFER, Bruno. A Modinha e o Lundu. Porto Alegre: Ed. Movimento 2ed, 1986.

LIMA, Edilson. As Modinhas do Brasil. São Paulo: Ed. da USP, 2001.
MARCONDES, Marcos (org.). Enciclopédia da Música Brasileira: Erudita, Folclórica e Popular. 2 ed. São Paulo: Art Editora, 1998.
MONTEIRO, José. Modinha: um estudo etimológico sobre o termoRevista Intellèctus, ano XVII, n. 1, p. 125-143, 2018.
VALENÇA, José. Modinha: Raízes da Música do Povo. São Paulo: Empresas Dow, 1985.

LIVROS SOBRE A HISTÓRIA DA MÚSICA ERUDITA

Se você gosta de história, se você gosta de ler biografias e de perceber como o mundo foi se transformando com o passar dos anos, então você vai curtir muito conhecer a História da Música e saber mais sobre os compositores e músicos que revolucionaram a mais bela das artes na época em que viveram. Bach, Mozart, Beethoven, Liszt, Schumann, Debussy, Schoenberg. Óperas, concertos, sinfonias, prelúdios, sonatas. Surdez, loucura, inveja, tragédias, doenças, reis, corações partidos, mistérios. DELÍCIA! Ouvir uma peça de Chopin após ter lido sobre sua vida e o período em que viveu tem um gosto diferente. Recomendo que você escolha pelo menos um bom livro de História da Música para ler por inteiro e ter em sua biblioteca.

Se você é professor de música, falar sobre este assunto já faz parte do seu planejamento de aula e poder aprender novos detalhes para compartilhar certamente dá aquele plus para suas aulas e os alunos adoram ouvir as curiosidades sobre a vida dos compositores – que era cheia de drama e inspiração para as músicas que escreviam.

Abaixo recomendo 4 OPÇÕES para você. Dependendo do nível que você está na música, há livros mais adequados para você. Os livros mais críticos são interessantes para quem já conhece o básico sobre as características dos períodos históricos e dos compositores e quer ser instigado a refletir sobre aspectos mais profundos da música erudita, além de conhecer curiosidades sobre os compositores que não se aprende em aulas básicas de HMus. Se você é iniciante, é mais apropriado ler primeiro um livro informativo sobre o básico de cada compositor e período histórico, além de escutar o repertório dos referidos artistas. História da Música é bom demais e, vai por mim, depois que você ler sobre o assunto, ouvir Vivaldi, Haydn ou Tchaikovsky terá outro sabor.

Sugiro alguns livros de História da Música para você
(clique nas imagens para conhecer mais sobre cada um e adquirir):

Uma Breve História da Música
História da Música Ocidental
O Triunfo da Música: a ascensão dos compositores, dos músicos e de sua arte
O Livro de Ouro da História da Música

         
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O post A Modinha no Brasil: conheça a origem da música brasileira apareceu primeiro em Paula Musique.

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