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Saiba que não é apenas no Brasil que milhões de pessoas reclamam da produção musical dos últimos anos. Outros países percebem uma grande mudança no cenário musical – para pior. Por que esta insatisfação com a cultura da música? Qual é o tipo de música mais consumida no Brasil e no mundo? Que tipo de artista vende mais?

Por que nas décadas passadas se cantava mais a esperança, um futuro melhor, o amor verdadeiro e eterno, a gentileza de ajudar o próximo, a insatisfação política ou o patriotismo? Quais seriam as influências históricas que abalaram a cena musical? Será que o cenário musical no Brasil precisa de mudanças? Se sim, quais? Se não, por quê?

(Se você é professor de Educação Artística ou de Música na escola, sugiro que leve este debate para a sala de aula.
Você pode pedir que os alunos leiam este texto para conversar na semana seguinte)

– por Paula Musique –

Foto: Reprodução

Se gostar, deixe aquela curtida amiga e compartilhe. ;)
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Você está satisfeito com o MERCADO E A CULTURA DA MÚSICA NO BRASIL?


Se não está, será que você pode fazer algo para transformar este cenário? Ficar parado reclamando resolve algo? Historicamente, percebe-se que mudanças positivas não aconteceram do dia para a noite. Não foi por mágica, mas sim por iniciativa de um grupo consistente que sabia onde queria chegar.

“A vida não tem controle remoto. Você tem que levantar e mudar”

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Impossível transformarmos o cenário?


Há diversos caminhos para mudarmos o mercado e a cultura, mas é preciso um esforço CONJUNTO, CONSCIENTE e com muito ENGAJAMENTO. Leva tempo.

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“Não dá pra fazer nada. A indústria oferece o que as pessoas querem ouvir”


Deixe-me perguntar algo: e se as pessoas escutam o que escutam porque não foram cuidadosamente apresentadas a outras opções?

Os brasileiros precisam conhecer e entender possibilidades musicais que vão além do que a mídia recomenda.

A cultura da música afeta a indústria ou é a indústria que afeta a cultura da música?

Os brasileiros precisam conhecer músicos que estudam muito e apresentam um trabalho diferenciado, digno de muitos likes, compartilhamentos e ingressos vendidos; mas a maioria do povo não conhece porque nunca teve a oportunidade de ver/ouvir ou, quando tem oportunidade de ver/ouvir não se interessa, pois não entende o que se passa ali.

Carta aos maestros e coralistas do Brasil
Teste sobre história da música
Os benefícios do canto coral
Tipos de Coral (ou Coro)

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É difícil gostarmos do que não entendemos


Isto mesmo. Lembre dos tempos de escola: quais matérias você gostava e quais matérias detestava? Tenho quase certeza que você não curtia as disciplinas que não entendia bem – e às vezes, para atrapalhar ainda mais, o professor não-era-lá-aquelas-coisas.

É difícil gostarmos do que não entendemos.
Imagine uma pessoa que vai ao concerto de uma grande orquestra e:
– não sabe o nome dos instrumentos;
– não conhece os sons deles individualmente;
– não entende nenhum gesto do maestro; e
– não consegue perceber as diferenças entre uma obra de Mozart e uma de Stravinsky

Ou esta pessoa da plateia é uma exceção e gosta de tudo o que vê, fica encantado com o que escuta e não vê a hora de chegar em casa para googlear todas as dúvidas e achar respostas OU é uma pessoa comum que acha tudo chato, não entende nada daquilo e não vê a hora de sair dali para sintonizar na estação de rádio favorita e ouvir as músicas que ele entende.

Imagine uma pessoa que vai para um show de jazz e:
– também não entende quais são alguns daqueles instrumentos;
– não sabe o que é improvisação; e
– nunca ouviu falar nada sobre o jazz

Nós curtimos mais o que conhecemos e entendemos. Dizem que é por isso que em festas – de casamento ou de formatura, por exemplo -, quando as pessoas querem celebrar e se divertir, é quase que proibido tocar uma música autoral, pois todos querem ouvir os hits, as músicas que marcaram épocas.

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Foto: Pexels

É complicado valorizarmos um trabalho desconhecido


É complicado valorizarmos algo que nem sabemos quanto trabalho foi necessário para chegar àquele resultado.

Se você é pianista, você sabe quanto tempo levou para deixar aquelas cadências do Liszt bem afiadas. Só você sabe quantas vezes teve de repetir, coinscientemente, compasso por compasso dos estudos de Chopin. E quanto tempo levou para decorar alguma sonata de Beethoven com mais de 20 páginas? O público leigo nem imagina quão minucioso é o estudo do piano erudito e quantos detalhes temos de aprimorar até acharmos que está “pronta” para um recital. Será que eles sabem que há peças que levam 50h, 100h, 300h de estudo? Fica muito mais impressionante e emocionante assistir Martha Argerich tocando quando entendemos estes fatores.

Se você é violinista, você sabe quanto tempo levou para preparar os Caprichos de Paganini. Você sabe que um belo vibrato não surgiu do nada. Será que o público leigo já se deu conta de que o violino não tem casas como o violão, nem botões como o trompete e nem teclas como o piano? Será que eles sabem que para você acertar com precisão cada nota, principalmente em longas sequências de graus disjuntos, você teve que praticar exaustivamente?
Fica muito mais impressionante e emocionante assistir Sarah Chang ou David Garrett tocando quando entendemos estes fatores.

Conselhos sobre a saúde do pianista
30 Perguntas Intrigantes para se Perguntar Todos os Dias
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Uma nova realidade para a música no Brasil


Se todos os produtores, instrumentistas, cantores, maestros, professores de música e compositores se unirem, podemos sim, criar uma nova realidade para a música no Brasil: com um cenário onde mais gêneros musicais são valorizados e compreendidos. Podemos dar um novo rumo ao mercado e a cultura musical em nosso país. E vamos pensar mais além? Podemos influenciar o mundo com este movimento. Não precisamos ser o país que copia tudo de todos. Temos todo o potencial para sermos influenciadores, SIM! Ainda mais através da internet, um local quase que dominado por brasileiros. 

Você quer um Brasil onde há mais espaço e interesse por ÓPERA, CHORO, ROCK, JAZZ, BLUES, GOSPEL; onde há mais pessoas interessadas em aprender VIOLINO, PIANO, TROMPETE, SAX, VIOLA CAIPIRA, UKULELE, PERCUSSÃO; mais cantores que sabem ler partitura e solfejar; mais atenção da indústria da música e mais recursos do governo para músicos, maestros e professores que são competentes no que fazem?

Se cada músico fizer um pouco de movimento, juntos faremos uma grande movimentação.

Entretanto, acredito que deveria haver espaço para todas as manifestações culturais – e ainda mais àquelas que são educativas e inspiram o bem.

Ainda há esperança, sim; e somos nós, os insatisfeitos, que podemos transformar o presente, alterando assim o futuro.

Tenho minhas respostas prontas a estas perguntas, mas quero, primeiramente, saber o que vocês pensam. Este texto se propõe a fazer uma análise básica e trazer questões para você pensar.

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Se você é professor de Educação Artística ou de Música na escola, sugiro que leve este debate para a sala de aula.
Você pode pedir que os alunos leiam este texto para conversar na semana seguinte.

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QUAL É A SUA OPINIÃO?


Há muitas questões que foram levantadas neste texto. Fique à vontade para responder quantas vocês quiser.

+ Leia: A importância da leitura de partitura
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Paula Musique
Viver vai muito além de realizar meus próprios sonhos, pois posso dar as mãos ao próximo e ajudá-lo a realizar seus sonhos também & a vida fica muito melhor com Música.
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  1. Vitória Bruscato 11/02/2020

    Acho que o “é complicado valorizarmos um trabalho desconhecido” disse tudo! Muitas pessoas gostam mais de certos estilos musicais por serem o que conhecem e o que aprenderam a gostar. Por influência familiar, da mídia, de onde vivem, e por aí vai…

    • Paula Musique respondeu Vitória Bruscato 12/02/2020

      Isto mesmo, Vitória! Nossas preferências são baseadas naquilo que conhecemos.
      Talvez, se investíssemos mais em educação musical, a realidade da indústria da música no Brasil seria bem diferente.

  2. Luana Souza 12/02/2020

    Falar sobre isso é tão complicado. Eu mesma confesso que muitas vezes não escuto musicas nacionais porque a maioria não faz o meu estilo, mas tento sempre valorizar os trabalhos feitos, ainda mais por artistas independentes, pois é difícil se manter da arte no nosso país (não só de música, mas outras artes também). Acho legal você levantar essa discussão aqui!

    • Paula Musique respondeu Luana Souza 12/02/2020

      É complicado mesmo, Luana! Também tenho uma confissão a fazer: eu fiquei por muitos anos sem ouvir música nacional, apenas quando entrei na faculdade, com 17 anos, é que comecei a conhecer para poder fazer os trabalhos acadêmicos. Mas é bem importante conhecermos os artistas brasileiros que têm feito trabalhos maravilhosos e apenas não recebem respaldo necessário da indústria e até mesmo do público.

  3. Malu Silva 12/02/2020

    Post repleto de reflexões super válidas. Adorei! Procuro sempre descobrir novos trabalhos no cenário da música brasileira, e divulgo sempre que tenho a chance. É dificil modificar o que vemos na industria cultural, mas é preciso refletir sempre sobre o tema! O seu blog exerce um papel incrível nesse sentido <3

    • Paula Musique respondeu Malu Silva 12/02/2020

      Obrigada, Malu! ;)
      Este apoio é muito relevante para que possamos alterar o cenário da música no Brasil.

  4. Amanda Moresco 13/02/2020

    Creio que tem muitos cantores e bandas no Brasil produzindo música de muuuuita qualidade, o problema é essa questão do que é vendido, né? Na minha opinião, um dos maiores problemas é quando alguém fala “ah mas esse tipo de música eu só escuto em festa, só para me divertir”, falando sobre músicas que abordam violência, e que deixaram de ser poesia. Onde foi parar a poesia que encontrávamos antigamente?

  5. Lorena 13/02/2020

    Olha, concordo com tudo. Eu lembro que antes só escutava o que era hit, principalmente para os adolescentes la em 2010/2013. Ai resolvi fazer uma aula de canto e junto eu era obrigada a escolher um instrumento e ter aulas de percussão. Foi a melhor experiencia da minha vida. A gente acaba se fechando em uma bolha e só absorvendo aquilo que a mídia mostra, mas naquela época eu passei a conhecer outras músicas da Elis Regina, do Caetano Veloso, Milton Nascimento, Djavan e por aí vai. Aprendi a apreciar uma pessoa tocando um violino sozinho, ou saxofone e até um piano. Só pela melodia mesmo. E acho que sim, dá pra mudar o cenário musical sim.

    • Paula Musique respondeu Lorena 15/02/2020

      Veja só que depoimento maravilhoso! :D Este é o poder da EDUCAÇÃO MUSICAL.
      Um bom professor de música pode interferir, e muito, na forma como seus alunos escutam e analisam artistas, instrumentos e músicas, em geral.
      Imagine que bênção seria se todas as escolas, públicas e privadas, oferecessem Música para os estudantes?

  6. Paula Marcondes 14/02/2020

    Vejo o desinteresse das pessoas em conhecer coisas novas. Bandas com potencial morrendo porque o mercado não dá espaço. As pessoas se acostumaram a não terem bons hábitos e fica por isso mesmo.

    • Paula Musique respondeu Paula Marcondes 15/02/2020

      Verdade, o conformismo é um grande problema que afeta muitos de nós, por isso precisamos agir para transformar. ;)

  7. Polyana Pinheiro 14/02/2020

    Eu concordo com muita coisa que disse, principalmente sobre a questão de ser impossível gostar do desconhecido. Eu sou um daqueles pontos fora da curva, pois consumo muita música brasileira (diria que 90% do que eu ouço é nacional), e também amo assistir concertos de orquestras, sou louca para aprender violino. Mas acho que o problema é a inferiorização de tudo que é nacional, desde cinema à musica, que estamos acostumados desde pequenos.

    Au revoir ♡
    https://tecerfloresecheirarlivros.blogspot.com

    • Paula Musique respondeu Polyana Pinheiro 15/02/2020

      “Mas acho que o problema é a inferiorização de tudo que é nacional, desde cinema à musica, que estamos acostumados desde pequenos” – este é um ponto muito relevante que você levantou. Temos, sim, muitos artistas interessantes em todas as artes no Brasil, mas além do problema de “inferiorização de tudo o que é nacional”, há o inconveniente do que a indústria e a mídia “escolhem” para ser mais popular.
      Volte sempre!

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