Música Brasileira – Paula Musique https://paulamusique.com Um som diferente para sua vida Tue, 17 Aug 2021 22:05:23 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.7.14 Caterina Valente: talento, carisma e elegância https://paulamusique.com/caterina-valente/ https://paulamusique.com/caterina-valente/#comments Fri, 23 Jul 2021 16:00:01 +0000 https://paulamusique.com/?p=9494 Caterina Valente é uma artista que escreveu uma bela carreira… – por Paula Musique –  O paradoxo da exploração da mulher Sabemos que o século XXI tem maneiras questionáveis para atrair público à certas artistas. A “exploração sexual” hoje é vista como liberdade e direto da mulher. Paradoxal, não é mesmo? A mulher que por tanto tempo reclamou dos abusos e da exploração de seu corpo, agora diz que é um direito optar por...

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Caterina Valente é uma artista que escreveu uma bela carreira…

– por Paula Musique – 

O paradoxo da exploração da mulher

Sabemos que o século XXI tem maneiras questionáveis para atrair público à certas artistas. A “exploração sexual” hoje é vista como liberdade e direto da mulher. Paradoxal, não é mesmo? A mulher que por tanto tempo reclamou dos abusos e da exploração de seu corpo, agora diz que é um direito optar por ser “explorada” e tratada como objeto sexual. Às vezes, não sei se algumas pessoas entendem pelo que realmente estão lutando.

Caterina Valente é um exemplo de artista comedida, que atrai com seu real talento, inteligência, charme, simpatia e, de vez em quando, um levíssimo e discreto toque de sensualidade. O total oposto do que vemos no Brasil e nos EUA – sendo o último, um dos principais exportadores de hits.

Caterina encantava multidões sem nunca ter precisado se expor e sem ser vulgar. Você acha que hoje em dia isso seria possível? Claro que ainda é. Para mencionar apenas um exemplo, veja Adele.

Foto: caterinavalente.com (Caterina nos anos 40)

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Sobre Caterina Valente

Quero compartilhar apenas um pouco sobre esta artista multitalentosa e alguns vídeos com suas performances…

Caterina Valente é filha de pais italianos, mas nasceu em Paris (França), em 14 de janeiro de 1931 e completou 90 anos neste ano!

Ela é um cantora, violonista, dançarina, atriz e comediante ítalo-francesa.

Caterina é poliglota; falando seis línguas e cantando em onze (português é um dos idiomas em que ela adora cantar!).

Foto: Reprodução

Embora seja mais conhecida como uma artista europeia, ela também passou parte de sua carreira nos Estados Unidos, onde se apresentou ao lado de Bing Crosby, Dean Martin, Perry Como e Ella Fitzgerald, entre outros.

Ao longo dos anos, ela gravou e se apresentou com muitas estrelas internacionais, incluindo Louis Armstrong, Chet Baker, Perry Como, Ella Fitzgerald, Benny Goodman, Woody Herman, Claus Ogerman, a Orquestra Tommy Dorsey, Sy Oliver, Buddy Rich e Edmundo Ros.

Caterina é a 4ª filha de Maria e Giuseppe Valente. Ambos, italianos talentosos. Giuseppe foi um acordeonista – o primeiro a gravar música clássica com este instrumento na Suécia. Além disso, tocou para o czar da Rússia. Maria, tocava 33 instrumentos e era bailarina.

Em 2019, sua música Bongo Cha Cha Cha foi incluída na trilha sonora de Spider Man: Far from Home, dirigido por Jon Watts, tornando-se subitamente viral e dando a Caterina nova popularidade. Foi tocada mais de 250 milhões de vezes nos vídeos do TikTok.

… mais de 250 milhões de vezes nos vídeos do TikTok.

Há muito tempo Caterina vive em Lugano, na Suíça.

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Caterina e a bossa nova

Depois de uma bem-sucedida turnê pela América do Sul, em 1961, Caterina fez amizade com os precursores da Bossa Nova, como João Gilberto, Luiz Bonfá e Tom Jobim. Em seguida, voltou a Nova York para gravar a segunda de suas muitas participações como convidada no Perry Como Show. Foi neste exato programa de TV que Caterina interpretou “Corcovado” e, com isso, dizem, tornou-se a artista que introduziu a Bossa Nova ao público da TV americana.

… tornou-se a artista que introduziu a Bossa Nova ao público da TV americana.

No vídeo a seguir, Caterina brinca de flertar e canta “Samba de uma nota só” com Dean Martin

… no The Dean Martin Show, em meados dos anos 60. Ela toca o violão com muita segurança, caminhando pelos acordes cheios de dissonâncias da bossa nova, sem nem precisar olhar a cada troca, mostrando o domínio dela perante o instrumento.

What a delight! Ah, como e queria que a classe e sofisticação daquelas décadas tivesse permanecido.

(Fora do assunto: você já viu vídeos bem antigos e corriqueiros mostrando cenas do dia a dia do Brasil e outros países dos anos 20, 30, 40 etc, no YouTube? Até mesmo os mais simples trabalhadores ficavam bem-vestidos com seus macacões, chapéus… Homens de terno, mulheres de vestido e chapéus… Tanto charme para meus olhos! rsrs)

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Aqui, você confere Caterina Valente em dueto com o brasileiro Luiz Bonfá (compositor, violonista, arranjador e cantor)

… interpretando “Manhã de Carnaval”, no programa de TV “Hollywood Palace Show”, nos EUA.

Aaaah, pura arte! Raro ou praticamente inexistente nos principais canais da TV brasileira.

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Assista Caterina cantando um medley em diversos idiomas com Bing Crosby, em 1963.

As canções são “Ta Paidia Tou Piraia” (“Never on Sunday”) / “Quizas, Quizas, Quizas” (“Perhaps, Perhaps, Perhaps”) / “Quando, Quando, Quando” / “Ack Varmeland du Skona” (“Dear Old Stockholm”) / Bei Mir Bistu Shein” / “Ue o Muite Aruko” (“Sukiyaki”) / “Samba de Uma Nota So” (“One Note Samba”) / “Mademoiselle de Paris” / “Our Language of Love”.

Para conhecer mais o trabalho de Caterina, consulte o webiste da artista.

Foto: Reprodução (Caterina Valente aos 89 anos)

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“Pica do 7” de António Zambujo (Portugal) https://paulamusique.com/antonio-zambujo-portugal-mpb-e-fado/ https://paulamusique.com/antonio-zambujo-portugal-mpb-e-fado/#comments Sun, 06 Jun 2021 05:26:51 +0000 https://paulamusique.com/?p=9487 Minha indicação musical de hoje é: António Zambujo, de Portugal – referência no Fado e na MPB. – por Paula Musique –  Músicas da Lusofonia Eu escuto muita música estrangeira – bem mais do que escuto música brasileira. Porém, levei tempo para me interessar pela música de outros países lusófonos. Nem sei o porquê. Talvez, porque somos bombardeados nas rádios, no cinema e na internet por músicas em língua inglesa. Quando pesquiso artistas cantantes...

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Minha indicação musical de hoje é: António Zambujo, de Portugal – referência no Fado e na MPB.

Foto: www.antoniozambujo.com (Zambujo no La Cigale, em Paris, em 2015)

– por Paula Musique – 

Músicas da Lusofonia

Eu escuto muita música estrangeira – bem mais do que escuto música brasileira.

Porém, levei tempo para me interessar pela música de outros países lusófonos. Nem sei o porquê. Talvez, porque somos bombardeados nas rádios, no cinema e na internet por músicas em língua inglesa.

Quando pesquiso artistas cantantes de outros idiomas, com exceção do inglês, acabo sempre ouvindo músicas em francês, espanhol ou hebraico, em sua maioria.

Como pode isso? Nós, brasileiros, pouco conhecemos artistas que cantam em português fora de nosso país? Ainda bem que, anos atrás, inspirada por minha viagem à Portugal, “caiu a ficha” de que pouco eu conhecia das canções da lusofonia.

Por isso, quero encorajá-los a viajar para um outro país e conhecer a arte de nossos “irmãos linguísticos”.

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“Pica do 7”

A primeira canção de Zambujo que escutei foi “Pica do 7”. O “Pica do 7” é o revisor do eléctrico (funcionário do bonde) da linha n.º 7 de Lisboa. Adoro a letra, o timbre do artista e o arranjo instrumental.

Assista e preste atenção em todos os sons desta canção portuguesa:

Para esclarecer o significado da letra e não deixar a mente brasileira confusa, coloco abaixo a explicação de D. Grazina, retirada dos comentários do vídeo:

Esta música está cheia de duplos sentidos e de gíria portuguesa (e de Lisboa) associada aos transportes. Principalmente para quem fala o português do Brasil, aqui vão alguns apontamentos. O “Pica do 7” é o Revisor do eléctrico (bonde) da linha n.º 7 de Lisboa.

Antigamente, esse Revisor (o Pica) andava com um alicate a perfurar (ou picar – daí o nome Pica) a senha (tíquete, bilhete, título de transporte) para que não fosse reutilizado. Chamava-se a esta acção: obliterar o título de transporte – sendo que “obliterar” também pode significar: reduzir a nada, anular, desfazer, fazer desaparecer. Esta acção é o último som do vídeo.

A história fala de uma moça que vai para a paragem (o ponto) de eléctrico e faz a viagem na esperança de se cruzar com este tal revisor. Ela realmente não precisa de apanhar (tomar) o transporte, só o faz para poder encontrar-se com o Pica e isso deixa-a cheia de entusiasmo e vontade – na gíria de Portugal isso dá-lhe (ou fica com) “pica” – por exemplo: “estou com pica para viajar”; “estou cheio de pica para ir ter contigo”; “esta música dá-me pica”, ou, como diz a canção, “mais nada me dá a pica que o Pica do 7 me dá”).

Destaco ainda 2 expressões poéticas ligadas aos transportes:

– A expressão “na carreira desta vida vã” já é uma referência ao percurso, trajecto, itinerário da vida. Mas o uso da palavra “carreira” é genial, uma vez que em Portugal, a expressão “carreira” pode ainda referir-se ao veículo em si – a expressão “vou apanhar o eléctrico n.º 7” pode ser dita “vou apanhar a carreira n.º 7”.

– Finalmente, quando a personagem se imagina a perguntar ao Pica se tem o coração livre (“se tem livre passe” outra alusão ao mundo dos transportes) ela prevê que, da resposta que ele lhe possa dar, resulte em que ela “lhe oblitere o peito também” ou seja, assim como ele oblitera tíquetes, também ela lhe desfaça o coração.

Nota: “Carris” é uma empresa de transporte público de passageiros da cidade de Lisboa, nomeadamente dos eléctricos.

Muito obrigada, D. Grazina. Graças a você a letra fez mais sentido. Ótima explicação!

Foto: www.antoniozambujo.com (Zambujo com Ana Moura – minha fadista favorita)

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António Zambujo

Nascido em Beja, no dia 19 de Setembro de 1975, António Zambujo é um dos maiores artistas, autores e intérpretes contemporâneos da música portuguesa e um dos principais embaixadores da música em português no mundo.

Passou a infância no Alentejo e cresceu com forte ligação à música – começou por estudar clarinete com 8 anos, mas foi a tradição viva do Cante Alentejano e do Fado que o fizeram músico. Mudou-se para Lisboa, onde dividiu seu tempo com o Fado e a participação em musicais. Aos 16 anos, participou de um concurso de fado e saiu vencedor.

Tem trilhado uma carreira marcada por prêmios e distinções, com destaque para a comenda da Ordem do Infante D. Henrique, que lhe foi entregue pelo Presidente da República, em 2015. Sua canção “Sem Palavras” foi indicada ao Grammy Latino de Melhor Canção em Língua Portuguesa.

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Influência brasileira

António Zambujo incorporou as influências do cancioneiro brasileiro, em particular da Bossa Nova, na sua música, dando a ele um estilo único com a fusão de tradições musicais dos dois países, derrubando fronteiras, reais ou imaginárias e aproximando os dois lados do Atlântico. Com o seu álbum “Até Pensei Que Fosse Minha”, Zambujo foi nomeado para o Grammy Latino, em 2017, na categoria de Melhor Disco de MPB, curiosamente e de maneira compreensível.

Os portugueses conhecem bastante nossa cultura: músicas, novelas, filmes, gastronomia, atrações turísticas; mas, pouco conhecemos deles – injustamente. Portugal tem muito a oferecer em muitos sentidos. Eu penso que todo brasileiro que planeja uma viagem à Europa deveria incluir Portugal – é aquele destino que faz você entender mais quem você é – ou planejar uma viagem para curtir o país de norte a sul.

Para conhecer mais o artista, você pode consultar o site dele aqui – de onde foram retiradas várias informações sobre o artista.

Outros trabalhos do artista português

Ouça estas e outras canções de António Zambujo. É impressionante o controle vocal dele, todas as nuances que ele expressa em algumas linhas melódicas e os arranjos instrumentais. Ah, e o sotaque, claro! Sou fã do sotaque de Portugal.

Esta sequência começa com uma canção em espanhol, em parceria com a cantora chilena Mon Laferte, pois achei o ritmo bem fora dos padrões que ouvimos em destaque no Brasil. É importante mencionar que Zambujo já foi um fadista tradicional, mas há um tempo vem transitando muito bem por outros gêneros musicais.

Ah, como eu amo o som da orquestra. Perceba como ela traz ainda mais requinte às melodias já sofisticadas de Zambujo:

Uma das músicas dele com fortes influências brasileiras:

Nesta música, ouve-se claramente o vibrato “à moda do fado”, além das notas agudas belamente executadas em pianissimo.

A letra desta canção conta uma história com um fim inesperado.

Você já conhecia António Zambujo? Gostou das canções dele?

Ele esteve no Brasil algumas vezes, já foi entrevistado em programas brasileiros de TV, além de ter gravado com alguns artistas nacionais.
Conheça cantores portugueses e surpreenda-se.

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A Modinha no Brasil: conheça a origem da música brasileira https://paulamusique.com/modinha-no-brasil-conheca-a-origem-da-musica-brasileira/ https://paulamusique.com/modinha-no-brasil-conheca-a-origem-da-musica-brasileira/#comments Wed, 29 Apr 2020 21:21:38 +0000 https://paulamusique.com/?p=8450 Apresento-lhe este gênero musical tão pouco conhecido pelo povo de nosso Brasil: a modinha brasileira. – por Paula Musique – Quem acompanha o blogue já sabe que um dos objetivos aqui é a difusão do Movimento Música Nobre, sendo que “música nobre” não se refere à música dos nobres da realeza; mas sim, significa música que respeita e música que é respeitada. Música nobre é aquela que faz o bem e que não encoraja...

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Apresento-lhe este gênero musical tão pouco conhecido pelo povo de nosso Brasil: a modinha brasileira.

Imagem: Reprodução

– por Paula Musique –

Quem acompanha o blogue já sabe que um dos objetivos aqui é a difusão do Movimento Música Nobre, sendo que “música nobre” não se refere à música dos nobres da realeza; mas sim, significa música que respeita e música que é respeitada. Música nobre é aquela que faz o bem e que não encoraja a objetificação das mulheres (e nem dos homens!) e tampouco a sensualização das crianças.

Em nosso contexto atual e histórico, temos muitos compositores e músicos nobres que merecem destaque. E há um gênero musical que foi muito popular séculos atrás e está quase que esquecido. No meio acadêmico-musical ele permanece vivo, mas caso você não seja do meio, quero presentear você com minha indicação musical de hoje: a MODINHA BRASILEIRA.

“A semente da música brasileira foi plantada com a mistura musical que envolvia
a música erudita e popular, de portugueses e brasileiros, brancos e negros, nobres e escravos, elite e povo
– todos em uníssono cantando e tocando o lundu e a modinha brasileira” 
– Paula Musique

Sugiro que você clique na canção a seguir e escute enquanto lê este artigo:

PORTUGAL E O FADO

[Dica: leia este parágrafo com sotaque português – fica muito mais charmoso]
Modinha brasileira é diferente do fado português, mas sabe o que me vem à mente? Quando fui à Portugal – e não vejo a hora de retornar -, fui a um belo lugar em Coimbra tomar café no fim de tarde, pois havia recebido um panfleto a comunicar que haveria fado ao vivo lá. O que dizer? Amei ouvir aquele senhor cantar, a usar uma toga preta e acompanhado por violões. Foi uma experiência diferente tomar café com vontade de chorar, de tãaaao triste que eram aqueles fados. Dias depois, em Lisboa, em algum bairro muito lindo e popular que esqueci o nome, fui jantar arroz de tamboril (prato tradicional português maravilhoso!) num restaurante cuja trilha sonora também era o fado. Achei muito fixe!
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RECOMENDAÇÕES DE UTILIZAÇÃO

Fico imaginando como seria envolvente se existisse uma casa de chá por aqui com apresentações semanais ao vivo de modinha brasileira. Já me imaginei com minhas amigas, falando de romance ao som de palavras de amor (risos).

Não é o tipo de música que cantamos na rodinha de amigos ou que colocamos na playlist da festa de aniversário. Porém, quero encorajar você que está cursando Música na universidade, para preparar uma modinha para tocar ou cantar no final do semestre. E você que está fazendo planos para seu casamento, pode incluir alguma modinha no repertório da cerimônia ou da festa – dará um toque de glamour.

Você pode estar pensando: “bem que esta que nos escreve poderia ir direto ao ponto e falar logo o que é modinha, de onde vem e citar mais exemplos para escutarmos” (risos). Honey, não posso. Sabe por quê? Porque não seria Blogue Paula Musique. Para quem não gosta, basta ir à Wikipedia que obterá respostas rápidas e sucintas. ;)

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O QUE É A MODINHA BRASILEIRA

É um gênero musical de canções líricas, sentimentais, que praticamente sempre falam de romance e que, às vezes, são declarações diretas de amor.

“Modinha é a mais rica das formas pela qual se manifesta a inspiração poética do nosso povo” – José Veríssimo

COMO SURGIU A MODINHA BRASILEIRA

Este gênero está nas raízes da música popular tanto do Brasil quanto de Portugal. Segundo Monteiro (2018), vem da moda portuguesa, que migrou dos meios rurais para os grandes centros urbanos e colônias do Império Português – que inclui o Brasil -, entre os séculos XVII e XVIII.

A palavra moda ganhou o diminutivo modinha para identificar este gênero que sofreu adaptações da cultura brasileira, caiu no gosto do povo e ficou sendo chamada de “modinha brasileira”.

Ou seja, a moda portuguesa encontra no Brasil um lugar para se desenvolver. Pouco a pouco, mistura-se com o lundu, música praticada pelos negros da colônia, originando a partir daí a modinha brasileira, que passou a ser um gênero próprio – distinto da moda que veio de Portugal. Entretanto, quando foi levada a Portugal, encantou a corte e a sociedade portuguesa da época.

Existe um consenso entre a maioria dos estudiosos explicando que foi o poeta e músico mulato brasileiro Domingos Caldas Barbosa (filho de um português com uma mulher angolana escravizada) o responsável pela introdução da modinha brasileira em Portugal, pois, após passar sua juventude em contato com modinhas e lundus no Rio de Janeiro, vai a Lisboa e lá difunde estes gêneros, passando a ser cultivados nos salões por compositores eruditos.

Confissão: tenho uma queda por músicas de caráter lírico, que, para mim, vai do fado à modinha, dos musicais clássicos até a ópera. Um deleite para os ouvidos!

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CARACTERÍSTICAS DA MODINHA BRASILEIRA

A biografia da modinha é cheia de contradições, mas suas características revelam-se, ao longo do tempo, bastante amplas.

A modinha não têm uma estrutura rígida. Pode ou não ter introdução ou coda. Pode ter duas ou três estrofes, por exemplo. Há predominância de tonalidades menores e de andamentos moderados. O canto é, normalmente, acompanhado por violão, flauta, cravo e/ou piano. A formação instrumental para a qual foi escrita também variou conforme a história.

Em decorrência das diversas influências, encontra-se, na análise de partituras e relatos, grande variedade de formas (em duas estrofes A-B; em duas estrofes e refrão A-A-B; em estrofe e refrão A-B; em duas estrofes e “stretto”, que faz às vezes refrão A-A-D), compassos inicialmente binários que, notando a influência das danças ternárias que surgiram, principalmente, a partir da chegada em 1808 da Corte Portuguesa ao Brasil – citamos a valsa, scottish, polcas, dentre outras – adotou o compasso ternário.

O prestígio da moda era tal que até virou trocadilho: “está na moda, no reinado de D. Maria I, cantar a moda”.

A moda a duo ou solo era executada por solistas de escola e por mestres de contraponto. Os compositores das modas portuguesas, ou eram músicos que compunham ópera, como Marcos Portugal; ou compositores sacros de renome como Pe. José Mauricio. Inicialmente, “modas requeriam o cravo e a voz empostada” (ARAÚJO, 1963, p. 30). Tendo, quando popularizada, admitido o violão e cantada por seresteiros e românticos.

A modinha é tida, juntamente com o lundu, como das principais raízes da música popular brasileira. É através do lundu que a cultura africana nos dá a síncope: o seu maior legado à música brasileira e que dará origem ao samba mais tarde (Andrade, 1972). Ambos os gêneros – modinha e lundu – passaram por uma socialização, uma reciclagem, uma adaptação à outras esferas sociais; eram música de salão e também música das ruas – era a criatividade e musicalidade da elite e do povo misturadas e formando as raízes da música do Brasil.

Marcondes (1998) explica que:

“Só nos fins do Império e começos da República, a modinha, já inteiramente aculturada, reflete a sensibilidade e o gosto do povo brasileiro. A modinha se populariza. Deixa o recinto fechado dos salões e se expande nas ruas, ao relento, nas noites enluaradas, envolta nos acordes do instrumento que, no Brasil, se tornou o seu companheiro inseparável – o violão. É a fase em que pontificam Laurindo Rabelo, Xisto Bahia, Melo Morais Filho, Catulo da Paixão Cearense”.

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PRINCIPAIS LETRISTAS E COMPOSITORES

Dentre os principais compositores torna-se indispensável citar, novamente, Caldas Barbosa (1740-1800), tido por muitos como o “pai da modinha”.

Domingos Caldas Barbosa
Imagem: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil

São apontados, ao longo da história, os nomes de Gregório de Matos (1633-1696), Antônio José da Silva – o Judeu (1705-1739) e Tomás Antônio Gonzaga (1744-?1808) como precursores da modinha.

Cabe mencionar também Joaquim Manuel, outro mestiço brasileiro que teve a honra de ser editado em Paris, em 1824, num álbum de vinte modinhas harmonizadas por Sigismund Neukomm, o discípulo preferido de [pasmem!] Joseph Haydn (1732-1809) que morou no Rio de Janeiro de 1816 a 1821 [Haydn não morou no Brasil, foi o Neukomm].

Durante o primeiro reinado cita-se: Cândido Inácio da Silva, Gabriel Fernandes da Trindade, Padre José Maurício Nunes Garcia, Padre Teles, Leal e outros. Durante o segundo reinado: Gonçalves Dias, Castro Alves, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Fagundes Varela – estes tiveram a letra de seus poemas musicados.

// … era a criatividade e musicalidade da elite e do povo misturadas e formando as raízes da música do Brasil.

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A MODINHA BRASILEIRA NOS DIAS DE HOJE

O grau de influência da modinha na MPB de hoje está no lirismo das letras e na harmonia das melodias.

Mário de Andrade (1972) observou que:

“À medida que esta (a modinha) desaparece ou vive mais desaparecida dos seresteiros, vai sendo, porém, substituída pelo samba-canção, que é realmente uma modinha nova, de caráter novo, mas canção lírica solista, apenas com uma rítmica fixa de samba, em que, porém, a agógica não é mais realmente coreográfica, mas de canção lírica. Ora, isso é uma evolução lógica, por assim dizer, fatal. A modinha de salão, passada pra boca do povo, adotou mesmo ritmos coreográficos, o da valsa e o do xote principalmente. Ora, estes eram sempre ritmos importados, não de criação imediata nacional. O samba-canção é a nacionalização definitiva da modinha”.

Inúmeros gêneros musicais brasileiros da atualidade estão enraizados neste passado bem distante.

Araújo (1963) opina assim: “dizem que a modinha morreu. Ela não morrerá, porque já não é mais uma canção, mas um estado de alma. Ela está na própria essência emotiva da nacionalidade”.

. . . . .

A que ponto chegamos. Vemos aqui a história da mistura musical que envolvia a música erudita e popular, de portugueses e brasileiros, brancos e negros, nobres e escravos, elite e povo em uníssono plantando a semente da música do Brasil.

Orgulho-me do plantio. A colheita de anos passados também me orgulha, na maior parte do tempo. Porém, parece-me que em meio à safra dos anos mais recentes há alguns frutos podres. Estaria, eu, sendo radical?

. . . . .


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PLAYLIST DA MODINHA BRASILEIRA

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BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, Mário de. Ensaio sobre a música brasileira. São Paulo: Martins Fontes, 1972.
ARAÚJO, Mozart. As Modinhas e o Lundu no século XVIII. São Paulo: Ed. Ricordi, 1963.
KIEFER, Bruno. A Modinha e o Lundu. Porto Alegre: Ed. Movimento 2ed, 1986.

LIMA, Edilson. As Modinhas do Brasil. São Paulo: Ed. da USP, 2001.
MARCONDES, Marcos (org.). Enciclopédia da Música Brasileira: Erudita, Folclórica e Popular. 2 ed. São Paulo: Art Editora, 1998.
MONTEIRO, José. Modinha: um estudo etimológico sobre o termoRevista Intellèctus, ano XVII, n. 1, p. 125-143, 2018.
VALENÇA, José. Modinha: Raízes da Música do Povo. São Paulo: Empresas Dow, 1985.

LIVROS SOBRE A HISTÓRIA DA MÚSICA ERUDITA

Se você gosta de história, se você gosta de ler biografias e de perceber como o mundo foi se transformando com o passar dos anos, então você vai curtir muito conhecer a História da Música e saber mais sobre os compositores e músicos que revolucionaram a mais bela das artes na época em que viveram. Bach, Mozart, Beethoven, Liszt, Schumann, Debussy, Schoenberg. Óperas, concertos, sinfonias, prelúdios, sonatas. Surdez, loucura, inveja, tragédias, doenças, reis, corações partidos, mistérios. DELÍCIA! Ouvir uma peça de Chopin após ter lido sobre sua vida e o período em que viveu tem um gosto diferente. Recomendo que você escolha pelo menos um bom livro de História da Música para ler por inteiro e ter em sua biblioteca.

Se você é professor de música, falar sobre este assunto já faz parte do seu planejamento de aula e poder aprender novos detalhes para compartilhar certamente dá aquele plus para suas aulas e os alunos adoram ouvir as curiosidades sobre a vida dos compositores – que era cheia de drama e inspiração para as músicas que escreviam.

Abaixo recomendo 4 OPÇÕES para você. Dependendo do nível que você está na música, há livros mais adequados para você. Os livros mais críticos são interessantes para quem já conhece o básico sobre as características dos períodos históricos e dos compositores e quer ser instigado a refletir sobre aspectos mais profundos da música erudita, além de conhecer curiosidades sobre os compositores que não se aprende em aulas básicas de HMus. Se você é iniciante, é mais apropriado ler primeiro um livro informativo sobre o básico de cada compositor e período histórico, além de escutar o repertório dos referidos artistas. História da Música é bom demais e, vai por mim, depois que você ler sobre o assunto, ouvir Vivaldi, Haydn ou Tchaikovsky terá outro sabor.

Sugiro alguns livros de História da Música para você
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Uma Breve História da Música
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Seria o cantor Felipe Valente o Cartola do Século XXI? – Considere as Semelhanças https://paulamusique.com/felipe-valente-seria-o-cartola-do-seculo-xxi-considere-as-semelhancas/ https://paulamusique.com/felipe-valente-seria-o-cartola-do-seculo-xxi-considere-as-semelhancas/#comments Sun, 19 Aug 2018 03:34:50 +0000 http://paulamusique.com/?p=6134 – por Paula Musique – Os mais antigos, provavelmente, já conhecem Cartola. Os amantes da música cristã já conhecem Felipe Valente. Mas se você ainda não ouviu estes dois artistas brasileiros, agora você ficará instigado com a beleza de suas canções ao ler sobre a MINHA INDICAÇÃO MUSICAL. Felipe Valente é cantor, compositor, produtor musical, multi-instrumentista e arranjador brasileiro. Foi integrante do reconhecido quarteto masculino Arautos do Rei, é ligado a Igreja Adventista do...

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– por Paula Musique –

Os mais antigos, provavelmente, já conhecem Cartola. Os amantes da música cristã já conhecem Felipe Valente. Mas se você ainda não ouviu estes dois artistas brasileiros, agora você ficará instigado com a beleza de suas canções ao ler sobre a MINHA INDICAÇÃO MUSICAL.

Fotos: Internet || Arte: Fábio Raulino

Felipe Valente é cantor, compositor, produtor musical, multi-instrumentista e arranjador brasileiro. Foi integrante do reconhecido quarteto masculino Arautos do Rei, é ligado a Igreja Adventista do Sétimo Dia e, desde 2007, segue carreira solo. Já gravou três discos solo (Metade – 2006, FV – 2009 e Reversos – 2017). Agora integra o casting da Sony Music Gospel. Além de interprete, é compositor, tendo canções suas gravadas por Leonardo Gonçalves, Gabriela Rocha, Fernando Iglesias, Rafaela Pinho, David Quinlan e Melissa Barcellos – todos estes sendo, também, destaques no cenário da música gospel.

Foto: www.felipevalente.com.br

Considero que a arte de Felipe Valente tem caráter intimista*, pois dá a sensação de que leva você pra perto, num estilo meditativo e calmo, traçando versos que fazem você lembrar do seu próprio cotidiano – ele canta do armário e lençol à sala de jantar e quintal. Mesmo nos momentos de mais “peso”, em que guitarra ou bateria se destacam em suas canções, Valente consegue manter uma nuance introspectiva que, a meu ver, permanece ali devido ao poder que seu timbre tem de “nos manter dentro” da mensagem que a música quer transmitir. E quando canta sobre Deus, expressa sua fé em tom poético.

Trecho da “Canção de Quem Fica”:
Volta a hora que você quiser
O anel ainda é seu
E o armário ainda está vazio
Há lugar à mesa pra você
Como posso me esconder?
Ou me esquecer do amor que me feriu?

Trecho de “Despreocupado”:
E então você me apareceu
Em livros que eu li
Num menino que sorriu pra mim
E que me deu a mão
Pedindo pra brincar
E correr sem medo de cair
Tão despreocupado me tornei

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Foto: não identificada

“Considero que a arte de Felipe Valente tem caráter intimista*, pois dá a sensação de que leva você pra perto, num estilo meditativo e calmo, traçando versos que fazem você lembrar do seu próprio cotidiano – ele canta do armário e lençol à sala de jantar e quintal” – Paula Musique

E Cartola?
Angenor de Oliveira (1908-1980), conhecido como Cartola** e Poeta das Rosas, é considerado um dos maiores sambistas da música brasileira (alguns críticos o consideram como n.1). Dentre seus sucessos estão “As Rosas não Falam”, “O Mundo é um Moinho”, “O Sol Nascente” e “Luz Negra”. Teve suas canções gravadas por Beth Carvalho, Alcione, Paulinho da Viola e Chico Buarque. Dizem que era ótima pessoa, amado por seus amigos e pelo grande amor de sua vida, a primeira dama da escola de samba da Mangueira, Dona Zica. Sua biografia pode ser comparada a um dramalhão mexicano. Sua história inclui vida na favela, morte prematura da mãe, conflitos com o pai, abandono da escola, muita música, vida boêmia, doenças, pobreza, escola de samba, esterilidade, reconhecimento musical, rádio, falecimento da esposa, sofrimento por amor, novo amor com vizinha da infância/adolescência, restaurante falido, lavação de carros, retorno ao meio musical, sucesso e gravação de seu primeiro disco apenas em 1974, aos 65 anos. Faleceu em 1980 e foi sepultado ao som de “As Rosas não Falam”, como havia pedido.

Sua obra contém músicas que falam de amor, principalmente. Cartola declarou certa vez: “gosto de fazer samba de dor de cotovelo, falando de mulher, de amor, de Deus, porque é isso que acho importante”. A simplicidade de Cartola agradava tanto ao gosto popular como à elite cultural do Rio de Janeiro. O maestro Villa-Lobos o admirava e, em 1942, apresentou Cartola a Leopoldo Stokowsky — renomado maestro estadunidense interessado na música popular brasileira.

Trecho de “As Rosas Não Falam”:
Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar
Para mim
Queixo-me às rosas
Mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai

Trecho de “Preciso Me Encontrar”:
Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer
Quero viver

Mas e o que Felipe Valente e Cartola teriam em comum?

Tudo indica que o estilo de vida de ambos seja muito diferente e, possivelmente, a personalidade também. Quando pergunto se Felipe Valente seria o Cartola do século XXI, refiro-me aos aspectos musicais mesmo, tais como:
1) semelhança impressionante do timbre da voz
2) suave dedilhado ao violão
3) elaborada harmonia
4) poética das letras
5) temática das músicas
6) uso similar do vibrato
7) saltitantes melodias (com intervalos característicos da MPB)

Por curiosidade, os dois compositores são do estado do Rio de Janeiro, o que revela 8) a similaridade no sotaque também.

“A biografia de Cartola pode ser comparada a um dramalhão mexicano. Sua história inclui vida na favela, conflitos com o pai, abandono da escola, vida boêmia, doenças, esterilidade, rádio, sofrimento por amor, restaurante falido, lavação de carros, até o sucesso e gravação de seu primeiro disco apenas em 1974, aos 65 anos” – Paula Musique

Confira agora as músicas a seguir e comente se também percebe alguma(s) semelhança(s):

Você gosta de música estrangeira dos anos 90? Clique aqui
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Esta canção a seguir tem um estilo musical bem diferente de Cartola, mas vale a pena compartilhar com você pela beleza do arranjo vocal e instrumental:

*Intimismo é um termo aplicado à pintura do final do período impressionista, mas que gosto de usar na Música também. É caracterizado por temas que tratam da vida íntima e doméstica – do cotidiano. Os principais artistas representantes do estilo foram os franceses Pierre Bonnard e Édouard Vuillard.

**Trabalhou como pedreiro/pintor e o apelido vem desta época, quando, para não sujar a cabeça com cimento/tinta, ele usava um chapéu-coco, que parecia uma cartola, por isso seus companheiros acabaram o apelidando de Cartola.

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George Harrison (The Beatles) gravou Anna Júlia (Los Hermanos) com Paul Weller (The Jam), Ian Paice (Deep Purple) e Jim Capaldi (Traffic) https://paulamusique.com/george-harrison-beatles-grava-anna-julia-los-hermanos/ https://paulamusique.com/george-harrison-beatles-grava-anna-julia-los-hermanos/#respond Fri, 29 Jun 2018 01:04:52 +0000 http://paulamusique.com/?p=5917 – por Paula Musique – [clique play e escute enquanto lê] Notícia antiga, mas esta é a mais completa que você lerá sobre este assunto. Você que é das antigas, que era criança ou adolescente nos anos 60 ou 70, naquela época imaginou que algum membro dos Beatles (uma das bandas mais aclamadas da história) algum dia gravaria uma música de banda brasileira? Pois é, não sei se você sabe, mas já faz uns...

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– por Paula Musique –


[clique play e escute enquanto lê]

Notícia antiga, mas esta é a mais completa que você lerá sobre este assunto.

Você que é das antigas, que era criança ou adolescente nos anos 60 ou 70, naquela época imaginou que algum membro dos Beatles (uma das bandas mais aclamadas da história) algum dia gravaria uma música de banda brasileira?

Pois é, não sei se você sabe, mas já faz uns anos que George Harrison participou, na guitarra, da gravação gringa de Anna Julia (da banda carioca Los Hermanos), com o seu amigo Jim Capaldi da banda Traffic, juntamente com Paul Weller (The Jam) nos backing vocals e Ian Paice (Deep Purple) na bateria. Que time, hein!

George Harrison (Inglaterra, 1943 – 2001) foi guitarrista dos Beatles, o membro mais novo, calado e espiritualizado da banda; além de ter sido cantor, ator, compositor e produtor musical e cinematográfico. Foi a sua amizade com Jim que oportunizou a gravação do hit brasileiro.

The Beatles

Jim Capaldi (Inglaterra, 1944 – 2005) foi um baterista britânico. Além dos trabalhos com sua banda, tocou com artistas como Jimi Hendrix, Eric Clapton e o próprio George Harrison. Casou-se com uma brasileira em 1975 e viveu entre Inglaterra e Brasil por décadas, falecendo em 2005, por causa de um câncer, aos 60 anos de idade.

Jim ouviu a música no Brasil durante uma temporada no país. Isto se deve ao sucesso bombástico do hit Anna Júlia, que foi tocado à exaustão em formaturas, casamentos, rádios e na MTV, além de embalar muita festinha americana na casa dos adolescentes e jovens da época. Foi um dos principais hits do final do milênio. Uma daquelas músicas-chiclete da qual você tem orgulho e que ficaria legal até em japonês! Foi em 1999 que a banda Los Hermanos lançou seu disco de estréia e logo virou febre na nação. Entretanto, foi uma banda-de-um-hit-só.

Qual é a Música? – Faça o teste e veja o quanto você conhece de Música Brasileira
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Em 2001, Jim lançou um disco chamado Living on the Outside e Anna Júlia é uma das peças escolhidas para o repertório. A participação de George Harrison foi uma das últimas do ex-Beatle em toda carreira, pois veio a falecer em 29 de Novembro de 2001 (câncer). Em entrevista à BBC, Jim disse que:

“Anna Julia tem, ao mesmo tempo, uma vibração forte e simples. O estilo desta música, assim como os versos e o refrão, lembram muito as músicas da primeira fase dos Beatles”

O vocalista dos Los Hermanos disse:

“Achei muito bacana. Fiquei muito surpreso, na verdade, de ser tão parecida com a nossa versão, a original. Achei inacreditável o George Harrison ter feito um solo de guitarra igual ao meu”

Você pode ouvir a versão estelar de Jim Capaldi, em INGLÊS, aqui (Harrison não aparece no videoclipe):

E você sabia que, além da versão em inglês, Anna Júlia também recebeu versões em italiano e espanhol?

Em ITALIANO, com Daniele Groff:

Em ESPANHOL, com o pessoal do Canal Trese (desistiram do canal):

E tem até a versão MEME do Canal MacacoArroz:

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Você já prestou atenção na letra de Anna Júlia?

Na versão em inglês, Jim Capaldi teve que ajustar a letra de Marcelo Camelo para tentar manter o sentido sem ferir a musicalidade da canção, mesmo que em outro idioma.

Original em português:
Quem te vê passar assim por mim
Não sabe o que é sofrer
Ter que ver você, assim, sempre tão linda
Contemplar o sol do teu olhar, perder você no ar
Na certeza de um amor
Me achar um nada
Pois sem ter teu carinho
Eu me sinto sozinho
Eu me afogo em solidão

Oh, Anna Júlia
Oh, Anna Júlia

Nunca acreditei na ilusão de ter você pra mim
Me atormenta a previsão do nosso destino
Eu passando o dia a te esperar
Você sem me notar
Quando tudo tiver fim, você vai estar com um cara
Um alguém sem carinho
Será sempre um espinho
Dentro do meu coração

Oh, Anna Júlia
Oh, Anna Júlia

Sei que você já não quer o meu amor
Sei que você já não gosta de mim
Eu sei que eu não sou quem você sempre sonhou
Mas vou reconquistar o seu amor todo pra mim

Oh, Anna Júlia
Oh, Anna Júlia
Oh, Anna Júlia
Oh, Anna Júlia, Júlia, Júlia

Versão em inglês:

Can’t you hear that lonely symphony
It’s playing just for me
It’s the same old misery
Trying to bring me down
And I just wanna cry out loud
And tell you how I feel
Seeing your face in every crowd
Is making my heart beat harder
For the chance to be near you
And whenever I see you
And there’s nothing can hold me down

Oh Anna Julia
Oh Anna Julia

All the guys that follow you around
Are trying to catch your eye
They just think that I’m a clown
I’m crazy to even try
But when I see you on the street
My whole world starts to change
Then the blood beneath my feet
Starts burning me up like a fire
And I feel like I’m falling
That’s when I hear you calling
Hold my breath and look around

Oh Anna Julia
Oh Anna Julia

Pray for the day when your love sets me free
People say there’s no way
That your love’s not for me
But there’ll come a day
When I tell you all that I feel
And they’ll stand and watch
While you walk away with me

Oh Anna Julia
Oh Anna Julia, Julia, Julia

Lembro de cantar muito esta canção no intervalo entre as aulas com meus amigos do colégio. E foi inesquecível ter esta música tocada 3x na festa de nossa formatura, ao vivo, por uma ótima banda da cidade. Era um misto de alegria e emoção. Ótimas lembranças!

Qual versão você mais gostou? Essa música lhe traz memórias? Você já sabia desta notícia?

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Qual é a Música? – Faça o teste e veja o quanto você conhece de música brasileira https://paulamusique.com/quiz-teste-musica-popular-brasileira/ https://paulamusique.com/quiz-teste-musica-popular-brasileira/#respond Fri, 15 Jun 2018 21:54:28 +0000 http://paulamusique.com/?p=5832 – por Paula Musique – Quem não se diverte brincando de “Qual é a Música”? É impossível conhecer todo o repertório brasileiro, mas pelo menos as mais conhecidas nós deveríamos… Preste atenção em cada verso e perceba como temos letristas talentosos em nosso Brasil. [Siga-nos no para piadas de músicos, biografia resumida de celebridades e outras coisitas] Faça o teste e veja o que consegue lembrar. Conforme você vai respondendo, as novas questões vão...

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– por Paula Musique –

Quem não se diverte brincando de “Qual é a Música”? É impossível conhecer todo o repertório brasileiro, mas pelo menos as mais conhecidas nós deveríamos… Preste atenção em cada verso e perceba como temos letristas talentosos em nosso Brasil.

[Siga-nos no para piadas de músicos, biografia resumida de celebridades e outras coisitas]

Faça o teste e veja o que consegue lembrar. Conforme você vai respondendo, as novas questões vão aparecendo. Divirta-se!

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1. Quando olhei a terra ardendo / Qual fogueira de São João / Eu perguntei a Deus do céu, ai / Por que tamanha judiação

Correct! Wrong!

2. Tu és a forma ideal / Estátua magistral. Oh, alma perenal / Do meu primeiro amor, sublime amor / Tu és de Deus a soberana flor / Tu és de Deus a criação

Correct! Wrong!

3. Ah se tu soubesses como sou tão carinhosa / E o muito, muito que te quero / E como é sincero o meu amor / Eu sei que tu não fugirias mais de mim

Correct! Wrong!

4. Minha vida era um palco iluminado / Eu vivia vestido de dourado / Palhaço das perdidas ilusões / Cheio dos guizos falsos da alegria

Correct! Wrong!

5. Eu já fiz tudo para ver se conseguia / Botei alpiste para ver se ele comia / Botei um gato, um espantalho e alçapão / Mas ele acha que fubá é que é boa alimentação

Correct! Wrong!

6. Deixa eu dizer que te amo / Deixa eu pensar em você / Isso me acalma, me acolhe a alma / Isso me ajuda a viver

Correct! Wrong!

7. Se Deus soubesse da tristeza lá da serra / Mandaria lá pra cima todo o amor que há na Terra / Porque o moreno vive louco de saudade / Só por causa do veneno das mulheres da cidade

Correct! Wrong!

8. Nem mesmo o céu nem as estrelas / Nem mesmo o mar e o infinito / Nada é maior que o meu amor / Nem mais bonito/ Me desespero a procurar / Alguma forma de lhe falar

Correct! Wrong!

9. Não sou nem quero ser o seu dono / É que um carinho às vezes cai bem / Eu tenho os meus desejos e planos secretos / Só abro pra você mais ninguém / Por que você me esquece e some? / E se eu me

Correct! Wrong!

10. No Abaeté / Areias e estrelas / Não são mais belas / Do que você / Mulher das estrelas / Mina de estrelas / Diga o que você quer!

Correct! Wrong!

Qual é a Música?
Doutor em Música Brasileira
Parabéns! Você gabaritou, mostrando que conhece as belas letras destas canções. Foi sorte ou você realmente conhece todas estas músicas? Conte pra gente nos comentários. Agora faça as outras quizzes que temos: instrumentos musicais, termos italianos, história da música, etc.
Sabe Muito!
Você conhece muito, hein? Você escuta muita música brasileira? Estes músicos estão dentre os seus prediletos? Conte pra gente nos comentários. Agora faça as outras quizzes que temos: instrumentos musicais, termos italianos, história da música, etc.
Legal!
Nem tão bom, nem tão ruim... Qual estilo musical você mais gosta/escuta? Conte pra gente nos comentários. Agora faça as outras quizzes que temos: instrumentos musicais, termos italianos, história da música, etc.
Oops!
Estamos curiosos. Você não escuta muito música brasileira? Por isso errou tantas? Conte pra gente nos comentários. Agora faça as outras quizzes que temos: instrumentos musicais, termos italianos, história da música, etc.
Zerou!
Pelo jeito você escuta outro tipo de música. Qual? Você não curte música brasileira? Conte pra gente nos comentários. Agora faça as outras quizzes que temos: instrumentos musicais, termos italianos, história da música, etc.

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Para fazer outro teste e medir seus conhecimentos quanto aos termos musicais italianos, clique aqui. Para o teste sobre instrumentos musicais, é aqui. E para o teste de história da música ocidental, right here.

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