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Alguns dizem que a arte na música morreu. Mas se for verdade, quem matou? O problema está na falta de educação musical ou na incoerência da indústria da música? Você se orgulha ou se envergonha do atual cenário da música no Brasil?
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[este artigo foi escrito originalmente em inglês]

indústria da música

Foto: Pixabay (a imagem escolhida é bastante simbólica)


ORGULHO OU VERGONHA: MÚSICA, EDUCAÇÃO E INDÚSTRIA NO BRASIL

por Paula Musique

A música transforma vidas. A música é um processo de cura e desenvolvimento cerebral, pode influenciar as pessoas em suas decisões, humor, comportamento e até mesmo no status de relacionamento. Segundo o filósofo, estadista e poeta romano Boécio (ca. 480-524), “a música faz parte da nossa natureza humana e tem o poder de melhorar ou degradar nosso caráter”.

A música no Brasil tem recebido críticas crescentes dos próprios brasileiros, de todas as origens socioeconômicas e também do ambiente artístico-musical. Dizem que algo é alarmante na letra das músicas. Por que eles estão reclamando? Se há um problema, qual é e de onde vem? Do sistema educacional? Da indústria da música? Os brasileiros estão exagerando? Há motivos para se orgulhar ou se envergonhar da música brasileira?

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“A música no Brasil virou pornográfica ou de corno. Sem poesia. Sem arte. O que matou a arte no Brasil, eu me pergunto?!” – disse Deborah Blando, cantora italiana naturalizada brasileira, que recebeu destaque nos anos 90. Ela anunciou no ano passado que estava deixando o Brasil e, segundo ela, esta decisão foi motivada pela direção da indústria da música no país. Pesquisas acadêmicas e mercadológicas também demonstram a insatisfação dos brasileiros com a música deste século. Mas nem sempre foi assim.
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MÚSICA: ORGULHO NACIONAL DO PASSADO

A partir da década de 1950, o Brasil experimentou uma fervura musical nunca vista antes: havia jovem guarda, bossa nova, música de protesto e tropicalismo. Os festivais de música brasileira foram responsáveis ​​por despertar o público com artistas cantando a esperança. Na década de 1960, havia um orgulho nacional pela produção e consumo de música de qualidade. A indústria exportava “hinos nacionais”. A música brasileira compartilhava um sentimento de patriotismo e pertencimento.

Os festivais de música haviam se estabelecido e eram muito populares no país. Além disso, na segunda metade da década de 1960, estavam sendo construídas as bases do que seria conhecido como MPB. E sob o guarda-chuva da MPB estavam incluídos: samba, bossa nova, baião, forró e modinha. Naquela época, a música era ensinada em escolas públicas e privadas, dando aos alunos a oportunidade de cantar em um coral ou tocar na banda.
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A “GRANDE” MÍDIA

Infelizmente, tanto a educação musical quanto a indústria mudaram no Brasil. É verdade que a música brasileira que está na grande mídia, é hoje em dia cada vez mais pobre e que os artistas que estão sob os holofotes, em sua quase totalidade, não representam a real qualidade dos músicos brasileiros que ficam “por trás das cortinas”? Se sim, de quem é a culpa?

Considerando-se o que é promovido pela indústria, a música brasileira nunca foi tão simplista, confinada a letras que abusam de palavras repetidas e poucos acordes no quadro de harmonia. Há décadas a massificação da música com os programas de auditório na TV e nas rádios têm mudado o cenário da música.

Estudos mostram que a falta de educação musical nas escolas influenciou a direção do gosto musical dos cidadãos. Devido à falta de conhecimento e acesso a uma gama mais ampla de gêneros musicais, compositores e artistas; os brasileiros se limitam a ouvir uma pequena variedade de gêneros – os tocados nas estações de rádio e programas de televisão mais populares.

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QUEM MATOU A ARTE NA MÚSICA?

Alguns dizem que a arte na música morreu. Mas se for verdade, quem matou? Aqui mora um impasse. Costuma-se dizer que foi o público. Quando há consumidores, há comercialização. Músicos com formação superior em Música acham difícil serem notados pela indústria e não podem ter a Música como sua principal fonte de renda. Por outro lado, alguns destes artistas, que em verdade preferiam estar produzindo outro tipo de repertório, decidem entrar no mercado e fazer o tipo de música que o público mais consome.

Há música de alta qualidade sendo produzida no Brasil e músicos com talento excepcional. Existem até mesmo artistas nossos, reconhecidos em terras estrangeiras com prêmios internacionais e que não recebem espaço em solo verde-amarelo. Além disso, muitos artistas já migraram para outros países, onde outros gêneros musicais são mais valorizados. Nos debates acadêmicos da faculdade de Música e nas rodas de amigos, os músicos se perguntam se o problema realmente é o público, pois talvez o problema venha de outra direção: da falta de educação musical ou da indústria. De que maneira um influencia o outro? As pessoas ditam o que a indústria produz ou a indústria diz o que as pessoas irão ouvir?

“A música no Brasil virou pornográfica ou de corno. Sem poesia. Sem arte. O que matou a arte no Brasil eu me pergunto?! – Deborah Blando

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EDUCAÇÃO E A INDÚSTRIA DA MÚSICA

Assim como em muitos outros países, a falta de educação musical e a gestão da indústria da música no Brasil são problemáticas. E se as pessoas ouvem o que ouvem porque não foram amplamente apresentadas a outras opções? Os brasileiros precisam conhecer e entender as possibilidades musicais que vão além do que a mídia recomenda. No entanto, é difícil apreciar o que não entendemos. Isto faz sentido. Lembrando-se dos tempos de escola, quais matérias os alunos mais gostavam e quais detestavam? Geralmente, os alunos não gostam das matérias que não entendem bem. Se a plateia não compreende o jazz ou a música erudita, como irão, verdadeiramente, apreciar?

O Brasil precisa de uma nova realidade para o cenário da educação musical e da indústria. Um ambiente onde mais gêneros musicais são valorizados e compreendidos. Onde todos os tipos de manifestações musicais sejam respeitados com seus limites – não importa se é música da favela ou da elite.

A educação musical deve ser projetada para desenvolver a curiosidade dos alunos pelo mundo da música: ópera, chorinho, rock, jazz, blues, gospel, soul, hip hop, violino, piano, trompete, sax, flauta, violão, ukulele, percussão, guitarra, teremim, por exemplo. O Brasil deve ser um lugar onde mais cantores saibam solfejar e ler música.

“A indústria se comportaria de outra maneira diante de uma plateia mais exigente” – Paula Musique

Algo é alarmante sobre a letra das músicas de alguns gêneros: a forma como objetificam as mulheres e sensualizam as crianças. Alguns dizem que as ditas são uma forma de empoderamento, outros dizem que é depreciação. Ou seja, é um tópico polêmico que precisa de pesquisa, tratando de forma transversal conceitos dentro da Música, Educação, Psicologia, Sociologia e Filosofia para responder à questões como: Por que há professores que acham saudável para a formação dos pequenos que eles cantem sobre conteúdo adulto: promiscuidade, libertinagem, vulgaridade? Qual é a intenção deles por trás disto? Por que os homens acham que as mulheres gostam das músicas que as chamam de cachorras ou prostitutas? Será que é porque estão cantando a verdade e é assim que as mulheres se veem? Para os brasileiros, o que significa “respeito”? Este texto não pretende responder estas e nem outras questões que foram levantadas, pois a intenção é motivá-lo a pensar sobre o assunto.

“A música faz parte da nossa natureza humana e tem o poder de melhorar ou degradar nosso caráter” – Boécio

Mas na minha opinião, todos deveriam aprender sobre música e seus benefícios desde a infância. Poderiam ser ensinados sobre o poder da música na mente e no comportamento humano – apresentando as pesquisas que falam de música e ética ou música e a influência das letras cantadas/ouvidas.

Todos deveriam ter acesso a bons professores de música em escolas públicas e privadas, com oportunidades para cantar em um coral e tocar em uma banda. Além disso, famílias com condições financeiras poderiam incentivar mais seus filhos a estudar um instrumento musical, principalmente devido a todos os aspectos positivos da prática do instrumento.

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Crianças e adolescentes que tiverem o privilégio de conhecer a amplitude do universo da Música terão meios para escolher mais conscientemente e formar seus interesses e preferências musicais. Provavelmente, a indústria se comportaria de outra maneira diante de uma plateia mais exigente.

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Foto: Pixabay

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O DILEMA DA INDÚSTRIA DA MÚSICA

Todavia, voltando para a realidade brasileira: há um dilema na indústria da música. A indústria deve ser ética e promover a música de forma responsável ou o lucro é o foco principal, independentemente de como será alcançado? No Brasil, não está claro se são as pessoas que consomem, acostumam-se e aceitam o que a indústria oferece ou se a indústria gostaria de oferecer mais variedade e qualidade, mas é refém do gosto do público.

“O Brasil precisa de uma nova realidade para o cenário da educação musical e da indústria. Um ambiente onde mais gêneros musicais são valorizados e compreendidos” – Paula Musique

Acredito que o Brasil tem orgulho de muitos de seus músicos, visto que existe uma vasta produção musical em múltiplos gêneros e, graças às redes sociais, músicos com um diferencial se tornam conhecidos e populares. Se tivessem o apoio da indústria, poderiam alcançar públicos maiores. Acredito que o Brasil tenha motivos para se envergonhar, pois existem videoclipes explorando crianças que cantam e dançam em meio a inúmeros bumbuns chacoalhando diante deles. O Brasil deveria ter vergonha de não criminalizar este tipo de situação.
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FUTURO: UM BRASIL COM ORGULHO NACIONAL

Por fim, há uma gama de temáticas para estudos e pesquisas que foram apresentados aqui e podem ser explorados por acadêmicos e demais interessados. E as pesquisas que já foram desenvolvidas precisam ser reescritas em uma linguagem acessível e divulgadas a todos. Precisa-se consultar o público; estudar os efeitos das letras das músicas na vida dos ouvintes; analisar os aspectos psicológicos, sociológicos e antropológicos que relacionam a educação musical à indústria e como isso se reflete nas escolhas musicais das pessoas.

O Brasil pode vir a se orgulhar muito de sua música novamente. É preciso um esforço conjunto. É necessária uma conscientização geral sobre a importância da educação musical e como a indústria pode contribuir para uma variedade maior de artistas, abrindo novas possibilidades tanto para a classe artística quanto para sua audiência.

Você acha que este tipo de reflexão é importante? Então deixe seu like e compartilhe no seu WhatsApp e Facebook. É uma forma de você me dar um “oi” e apoiar este trabalho. ;)
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Vamos conversar!

Em todas as perguntas inseridas no artigo, estamos nos referindo às músicas que estão sob os holofotes, aquelas que são as mais tocadas nas rádios, com mais visualizações no YouTube ou com mais participações nos programas de TV:
– A arte na Música morreu? Se sim, quem matou?
– As pessoas ditam o que a indústria produz ou a indústria diz o que as pessoas irão ouvir?
– A indústria deve ser ética e promover a música de forma responsável ou o lucro é o foco principal, independentemente de como será alcançado?
– O que poderia ser feito para que o brasileiro voltasse a sentir aquele orgulho nacional pela produção e consumo de música de qualidade?
– Você se orgulha ou se envergonha do cenário da música no Brasil?

IMPORTANTE: Se você souber de bons artigos, pesquisas ou matérias sobre os assuntos abordados aqui; por favor, envie o arquivo ou link para paula@paulamusique.com. Estamos preparando mais textos sobre estes temas e quanto mais referências bibliográficas tivermos, melhor. Obrigada.

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Paula Musique
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  1. Gêmeas De Rosa 04/05/2020

    – A arte na Música morreu? Se sim, quem matou?
    Não acredito nessa frase. Arte é arte de todas as formas. Claro, é uma conclusão muito subjetiva. Há tantas músicas lindas espalhadas por aí, só precisando de atenção. Não acredito que alguém tenha matado, não.
    – As pessoas ditam o que a indústria produz ou a indústria diz o que as pessoas irão ouvir?
    Acho que ambas ditam, tanto o público quanto a indústria. Lógico que o que está em evidência sempre vai ser mais consumido. Temos gostos variados, assim como canções e gêneros variados. É aí que está a beleza.
    – A indústria deve ser ética e promover a música de forma responsável ou o lucro é o foco principal, independentemente de como será alcançado?
    A indústria deve ser ética, sim, e promover a música não apenas pelo lucro, mas também pela contribuição na cultura.
    – O que poderia ser feito para que o brasileiro voltasse a sentir aquele orgulho nacional pela produção e consumo de música de qualidade?
    Como disse mais acima, eu acho que tem gosto para tudo e devemos respeitar. Tem produções ruins? Sim, mas não apenas. existem produções musicais muito boas e que precisam ser valorizadas e reconhecidas.
    – Você se orgulha ou se envergonha do cenário da música no Brasil?
    Eu me orgulho. E escuto só o que tenho vontade, por puro prazer. Inclusive, tenho o costume de escutar mais músicas brasileiras do que internacionais.

  2. Maria 04/05/2020

    Este reflexão é muito importante. A música que mais aparece na mídia é nojenta. Uma pena. Temos tanto talento no país. No meu estado há muitos músicos ótimos que não recebem espaço e precisam trabalhar triplicado para conseguir atenção no YouTube e Instagram.
    Os melhores cantores do Brasil são os cantores de igrejas. Disso não tenho dúvida. Eles aprendem musica de graça desde criança na igreja e cantam no coral infantil, depois no coral de jovens. Aprendem a tocar vários instrumentos na igreja e tocam na orquestra e bandas de vários tipos.
    Muitas celebridades internacionais aprenderam música na igreja. Música deveria ser obrigatório nas escolas. Não é. Ainda bem que temos as igrejas para cobrir está falha do governo.

  3. Luana Souza 06/05/2020

    Acho legal fazer esse tipo de reflexão. Não sou a pessoas que mais escuta músicas nacionais justamente por não me sentir bem escutando as coisas que tem sido lançadas ultimamente. De toda forma, eu sei da importância da indústria da música no Brasil, principalmente se formos analisar épocas históricas, como a ditadura militar, por exemplo! Sinceramente, acho que o nossos país precisa de muitas mudanças no que diz respeito a sua artes, a começar por uma valorização maior de tudo isso.

  4. Patricia 06/05/2020

    Sempre aprendo muito com suas postagens, amei conhecer um pouco mais sobre a arte, música e a mídia. Continue com esse conteúdo incrível, estarei de olho

  5. leticia 06/05/2020

    eu amo ouvir, independente do ritmo ou letra. Me sinto tão bem, acredito que deveria ser mais valorizada no Brasil, a cultura toda no geral. Por aqui tem muitos artistas bons, eles só precisam de espaço para ficar famosos

  6. Denise Amaro 06/05/2020

    Essa é uma reflexão importante a se fazer, temos tantas músicas poluindo nossos ouvidos e as músicas que valem a pena serem ouvidas mesmo não são divulgadas na midia assim como as “ruins” são, infelizmente. E hoje em dia as músicas que vão pra frente são aquelas chiclete que gruda querendo ou não na nossa cabeça e vira hit, tomando assim lugar de uma boa música com uma boa melodia e letra, as músicas que fazem sucesso não tem que necessariamente ter letra, basta ter uma melodia dançante e já que as com letra n~faz sucesso, muitos artistas optam por se entregar a comercialização, esquecendo totalmente o real sentido da música.
    Sobre essa frase “A música no Brasil virou pornográfica ou de corno. Sem poesia. Sem arte. O que matou a arte no Brasil eu me pergunto?! – Deborah Blando” é muito real, ta ai as lives que estão rolando que não nos deixa mentir, e as marcas só patrocinam esse tipo de música, pois é elas que vendem.

  7. Gislaine 06/05/2020

    Oi, Paula! Tud bom?
    Acho sempre muito intrigante acompanhar suas reflexões e questionamentos acerca da indústria musical brasileira. Mesmo que eu esteja distante dessas temáticas, seja acadêmica ou profissionalmente, são postagens que me fazem questionar meu próprio padrão de consumo. Acredito, como você bem disse, que a música brasileira tem muito potencial para ser algo do qual nos orgulhamos. Embora eu não goste de dizer que nossa cultura musical é uma vergonha (por entender que, de certa forma, é um reflexo de nosso próprio momento cultural), acho que temos, sim, que rever urgentemente muitos dos nossos valores e crenças contemporâneos. No mais, fico ansiosa no aguardo de novos artigos sobre o assunto!
    Abraços,
    Literalize-se

    • Paula Musique respondeu Gislaine 10/06/2020

      Oi, Gislaine!
      Seu comentário faz muito sentido para mim.
      É isto mesmo, a forma como enxergamos nossa cultura musical está diretamente relacionada a valores e crenças – sejam os nossos (individualmente) ou o do Brasil, em geral.
      Abraços ;)

  8. Lucas 06/05/2020

    Achei muito legal abordar esse tema. Não sou m ouvinte assíduo pela música nacional, principalmente por algumas letras de músicas que tem em algumas. Amei o post <3

  9. Leticia 06/05/2020

    Nosso país tem músicas tão boas, eu gosto da maioria. Acredito que os artistas são pouco valorizados, tem tantos legais que ninguém sabe da existência, talvez se fosse mais investido pelo governo em cultura o pessoal acostumaria a consumir mais!

  10. Vitória Bruscato 07/05/2020

    Eu fico MUITO brava com quem diz que não se tem cultura nas músicas do Brasil, afinal, é tudo questão de perspectiva. Acho que, como a maioria dos assuntos, o tema todo vai parar na questão da educação. Queria eu ter aprendido sobre música na escola. Nós não aprendemos sobre, nem na escola e nem em casa. Somos acostumados desde pequenos a ouvir o que nossos pais escutam, ou pegamos aversão à aquele estilo e passamos a ouvir o que é considerado o “oposto”.

    Sobre a indústria, eu realmente não sei dizer com certeza quem dita o quê, mas acredito que em maior parte seja a indústria sim. Muita gente só conhece poucos estilos de música porque é o que escutam nos rádios, por exemplo. Não é todo mundo que tem acesso à internet e pode ver os lançamentos e descobrir novos artistas pelo youtube ou spotify. Muita gente só escuta o que toca na rádio – quando escuta – porque é o que eles tem ao seu alcance. Logo, eles escutam o que a mídia coloca para eles ouvirem. E outra…quantos artistas a gente não vê sendo “vendidos” por aí? Que mudam de estilo porque “vende mais” ou que passam a vida toda produzindo algo que nem eles mesmo gostam, só por questões contratuais?
    Aproveitando esse gancho, vou te indicar um episódio da série Black Mirror que assisti ontem, fala bem sobre essa relação artista x indústria, se chama “Rachel, Jack and Ashley Too” (temporada 5 episódio 3).

    Agora, falando sobre quem tem acesso ao universo da música, dos lançamentos e das variedades e ainda tem a CORAGEM de dizer que não existe cultura na música brasileira: meu mais sinceros *********. Essas pessoas sim insistem em viver dentro de uma bolha onde só sabem odiar os estilos que fazem sucesso hoje em dia e não tentam procurar artistas atuais com ótimos sons e letras como Emicida, Reverbe, Tiago Iorc, Scalene e por aí vai…

    • Paula Musique respondeu Vitória Bruscato 10/06/2020

      Ainda não consegui assistir o episódio “Rachel, Jack and Ashley Too” da série Black Mirror, mas está na minha listinha para assistir. Vi o trailer e achei bem intrigante. Valeu pela dica! ;)

  11. Luly Lage 07/05/2020

    Não acho que a arte da música morreu, tenho orgulho da produção musical nacional e achei a fala da Deborah Blando de pretensão e preconceito absurdos. Parece bem aquele tipo de fala vindo de quem acha que cultura é só o que a pessoa gosta e entende, sendo que na verdade é uma coisa viva, ampla e maravilhosa que reflete TODA a sociedade, não só a parte privilegiada dela. Claro que ou super a favor do ensino de música nas escolas, assim como sou a favor de levar ensino de todas as artes também (e se não fosse seria um tiro no pé, uma vez que sou educadora de artes), mas sinceramente não acho nada positivo em pensar nisso como um meio de mudar o gosto musical dos jovens. Infelizmente não tem ESPAÇO pra todo mundo em nenhuma área, mas público alvo tem, sim. Os que são do funk escutam o funk, os que são da bossa nova escutam a bossa nova porque a existência do funk não anula a importância dela, por exemplo. É tudo manifestação pessoal, é tudo reflexo de como as pessoas vivem e devem ser, TODAS, aclamadas.

    Eu escuto todos os estilos musicais que existem? Não mesmo. Sou bem do rock e seletiva demais pra sair da minha bolha. Mas jamais deixarei de ser 100% a favor de todos os outros. Letras mal escritas existem em qualquer movimento em qualquer momento, artistas super valorizados idem e sexualização então? Tá lá desde antes da música. Apologia a violência sexual, por exemplo acho absurdo e criminoso, mas fora esse tipo de extremo e de um modo geral fico feliz que quem há alguns anos atrás não tinha tanta voz de se manifestar culturalmente agora tem, ainda que não seja uma cultura que eu consumo!

    • Paula Musique respondeu Luly Lage 10/06/2020

      A fala de Deborah Blando é uma fala que representa a indignação de muitos músicos que se sentiram representados por ela quando ela deu esta entrevista. Assim como Blando, muitos outros músicos não escrevem música “pornográfica ou de corno” – que, infelizmente, é o tipo de música que recebe a maior visibilidade promovida pela indústria. Temos MUITOS músicos brasileiros que são verdadeiros artistas – vindos tanto da favela como da elite.

      Oferecer aulas de música em todas as escolas é uma forma de aumentar as opções de escolha dos alunos – e isto, consequentemente, pode, sim, fazer com que as preferências musicais mudem. E acho isto muito positivo: mudanças.

  12. “Há motivos para se orgulhar ou se envergonhar da música brasileira?” Eu acredito que os dois e que isso é uma questão de gosto pessoal. O que eu acho que é motivo de vergonha, é o orgulho de outra pessoa.
    É claro que a industria deve ser ética, mas é improvável que eles vão ser éticos na maior parte do tempo. Eles querem lucro e vão vender o que a maioria quer comprar, independe do que for.
    Acho que o melhor jeito de mudar o cenário atual da música brasileira é através da educação, das crianças, principalmente. Educar a todos sobre os diferentes gêneros musicais, sobre a história da música no Brasil, falar sobre os novos artistas, deixar claro que a música não se resume apenas ao que é popular, etc…
    Enfim, gostei demais desse artigo! Ficou muito bem escrito e interessante, parabéns.

    • A educação realmente tem papel fundamental nesta questão.
      Penso que para formarmos nossa preferência, primeiro temos de ter acesso ao que é erudito, popular e impopular.
      Depois temos que refletir se iremos levar a Ética em consideração, ou não.
      O debate é longo. :)
      Obrigada por sua opinião.

  13. Oi, Paula. (Prepare-se para o textão!)
    Os diferentes tipos de artes transformaram-se durante o tempo… Não acredito em alguma morte ou algum assassino da cultura. Hoje temos opções além do que somente a industria musical diz e acredito que ela não tem mais esse poder… Como já diria Raul Seixas ” Se o rádio não toca a música que você quer ouvir;não procure dançar ao som daquela antiga valsa, (…) é muito simples, é muito simples. é só mudar a estação, é só girar o botão…”.
    A indústria deve ser ética e promover a música de forma responsável? Isso fica parecendo censura… O lucro é o foco principal tanto para a industria musical quanto para o musico é um tanto quanto hipócrita afirmar que faz isso somente pelo amor a arte… Eu tenho orgulho da Musica Popular Brasileira nas suas diferentes transformações… A Bossa Nova pode ser considerada aos sertanejos funk´s de atualmente tem um uma musica muito conhecida escrita pelo Ronaldo Boscoli ” Dia de luz, festa de sol/E o barquinho a deslizar/No macio azul do mar ” em uma época de Regime Militar… Uma musica que não tem nada do protesto da época.
    O cenário da música no Brasil é um retrato da geração atual com resquícios do passado… Infelizmente.

    • Oi, Camyli!
      “Hoje temos opções além do que somente a indústria musical diz e acredito que ela não tem mais esse poder” – você disse. Exatamente. Graças à Internet, principalmente, temos uma vasto mundo musical a nossa disposição. Ouvintes e músicos podem usufruir das oportunidades geradas pela Internet encontrar seu lugar ao sol em meio à concorrência.

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